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A biomassa é uma das principais fontes de energia endógena da Região Autónoma da Madeira, apesar de a sua utilização ter vindo a decrescer, sobretudo na última década.
A lenha, utilizada principalmente no sector doméstico e na panificação, é a forma de energia da biomassa mais conhecida e consumida, mas existem outros produtos energéticos derivados da biomassa com potencial interessante de desenvolvimento, tais como o biogás, o etanol e os briquetes, para referir os mais comuns.
O biogás, essencialmente constituído por metano, pode ser produzido a partir da digestão (metanização) da matéria orgânica contida nos excrementos animais de explorações pecuárias, nos resíduos sólidos urbanos e nas lamas de ETAR, e tem como aplicações a produção de calor em caldeiras e a produção de energia eléctrica.
O etanol é um combustível líquido derivado da biomassa vegetal, que, misturado com a gasolina ou com o gasóleo, em percentagens reduzidas (5% a 10%), pode ser utilizado em motores de automóvel. A utilização do etanol em percentagens elevadas ou mesmo sem mistura com combustíveis petrolíferos também é possível, mas já carece de afinação ou adaptação dos motores.
Os briquetes são obtidos por compactação a partir de matéria vegetal, designadamente de resíduos da limpeza florestal (madeira e ramagens), resíduos agrícolas (vides e ramagens) e resíduos da manutenção de jardins e árvores ornamentais. Os briquetes são uma alternativa à lenha e ao carvão vegetal para algumas utilizações domésticas e industriais, designadamente para churrascos e caldeiras.
Para além do aproveitamento de resíduos (florestais, agrícolas e urbanos) e excrementos animais para valorização energética, podem também ser consideradas plantações de crescimento rápido (as chamadas “culturas energéticas”), destinadas especificamente à produção de bio-combustíveis.
Do ponto de vista ambiental, a utilização da biomassa para fins energéticos é favorável à redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito de estufa (dióxido de carbono e metano), verificando-se um ciclo fechado do carbono, uma vez que o dióxido carbono é absorvido no processo de fotossíntese aquando da regeneração da biomassa. Além disso, a biomassa contém, em geral, menos agentes poluentes, como o enxofre e os metais pesados, do que os combustíveis fósseis mais comuns.
No que refere à biomassa florestal, o seu aproveitamento constitui um excelente meio de minimizar os riscos de incêndio. De facto, a limpeza da floresta e a valorização económica dos resíduos resultantes são factores que contribuem para a conservação da própria floresta, reduzindo as cargas combustíveis que agravam a propagação de incêndios.
Relativamente às explorações pecuárias, em particular no que respeita à suinicultura e avicultura, o aproveitamento da biomassa para fins energéticos permite reduzir substancialmente a carga poluente das águas residuais descarregadas no solo e nas linhas de água, para além de gerar receitas com a venda da energia produzida.
Por outro lado, a valorização energética da biomassa permite reduzir a importação de derivados de petróleo e é favorável à criação de emprego e ao desenvolvimento em meio rural.