“As incertezas no preço e no suprimento do petróleo e a preocupação ambiental com o futuro do planeta, ameaçado pelo efeito estufa, estão motivando as petroquimicas a procura de matérias primas renováveis ou sustentáveis, tais como cana de açúcar, amido, etc.”
Por Adilson Santiago Pires
A reciclagem de plásticos está crescendo no país, impulsionada por fatores sociais, econômicos e ambientais. O aumento do desemprego, tendo como causa principal a globalização da economia, vem atraindo um contingente populacional cada vez maior para esta atividade. As operações básicas envolvidas nesta área são de fácil aprendizado, não exigindo portanto mão de obra de alta qualificação. Contudo, são necessários conhecimentos específicos para a obtenção de uma operação viável, visando o alcance de objetivos ambientais, de segurança operacional, de qualidade e econômicos. A falta destes conhecimentos tem causado o fracasso de empreendedores que iniciam nesta atividade.
Os constantes aumentos do preço do barril de petróleo afetam diretamente o preço da nafta, sendo esta a matéria-prima básica para a produção das resinas plásticas, causando acréscimo no preço das resinas.
Das cerca de 8.000 empresas de transformação de plástico instaladas no país, cerca de 90% são ME e EPP, vulneráveis as flutuações de preços das resinas e com dificuldades de repassá-los totalmente aos seus clientes, devido à competitividade do mercado. Como conseqüência, estes transformadores enfrentam dificuldades financeiras devido à queda de rentabilidade. Este cenário favorece o uso de reciclados, onde é possível a aplicação, pois o seu preço é, em média, 40% menor que a resina virgem.
As incertezas no preço e no suprimento do petróleo e a preocupação ambiental com o futuro do planeta, ameaçado pelo efeito estufa, causador do aquecimento da atmosfera, estão motivando as petroquimicas a procura de matérias primas renováveis ou sustentáveis, tais como cana de açúcar, amido, etc.
O impacto ambiental na produção de plástico sustentável é menor do que o petroquímico: a produção de uma tonelada de polietileno, considerando desde o plantio, até o processo industrial,absorve 2,0 a 2,5 ton de CO2 da atmosfera,o que contribui para a redução do efeito estufa.
Atualmente o preço do polietileno sustentável, é cerca de 3 vezes maior do que o petroquímico, contudo estes preços deverão ser reduzidos com o aperfeiçoamento da tecnologia e o aumento da produção. Existem grandes desafios a serem superados, tais como evitar que o cultivo de matéria-prima renovável comprometa a produção de alimentos; desenvolver espécies de cana de maior produtividade resistentes a doenças e cultiváveis em áreas impróprias para a produção de alimentos.
A crescente preocupação com a preservação ambiental motivada pela legislação e a implantação das normas ambientais ISO 14000 no setor empresarial, são fatores que estão contribuindo para a expansão da reciclagem de plásticos. No Congresso Nacional está tramitando o Projeto de Lei, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a qual responsabiliza os produtores e distribuidores pela coleta e pela destinação ambientalmente adequada das embalagens plásticas usadas na comercialização de seus produtos. Com finalidade idêntica, o Decreto nº 31.819 de 09/09/02, regulamentou a Lei estadual nº 3369 de 07/01/00 no estado do Rio de Janeiro.
A aprovação da PNRS resultará em novo impulso para a reciclagem dos resíduos sólidos no país.
Os programas de educação ambiental desenvolvidos nas escolas, comunidades e empresas, estão dando suporte para a implantação de projetos de Coleta Seletiva, os quais, além de auxiliarem na geração de empregos e na conservação do meio ambiente, fornecem também, matéria-prima de melhor qualidade para a indústria de reciclagem.
Por apresentarem menos contaminantes, os plásticos oriundos destes projetos proporcionam a redução de custos de processamento, através da diminuição ou eliminação das despesas decorrentes das operações de lavagem e secagem, permitindo também a obtenção de produtos de melhor qualidade.
Dados publicados pelo “Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE)”, revelam que o número de projetos de coleta seletiva em operação no país aumentou de 81 (1994) para 405 (2008). Considerando a existência de aproximadamente 5.564 municípios no Brasil, podemos avaliar o enorme potencial de expansão desses projetos, os quais, após instalados deverão contribuir para a redução do preço da matéria-prima utilizada na reciclagem de plásticos, como conseqüência do aumento da oferta.
Algumas iniciativas de Organizações Não Governamentais(ONG´S), estão contribuindo para o aumento da coleta seletiva.Em Rio Claro a Associação Para Preservação Ambiental Cidade Azul (APACA),está fabricando e doando carrinhos para catadores de recicláveis.O objetivo é transferir a experiência adquirida para outras regiões do país.
Resultados de 2005 da pesquisa encomendada pela Plastivida á MaxiQuim Assessoria de Mercado, em 5 regiões do país :
• Existência de 512 empresas recicladoras de plástico com 17.548 empregos diretos.
• Origem da mat. prima consumida:59,4% pós- consumo,40,6% pós-industrial.
• Dados anuais: plástico reciclado = 455.371 ton; faturamento= R$1.625 bilhões.
• Geração de plástico pós-consumo = 2.299.150ton.
• Índice de reciclagem de plásticos pós-consumo = 19,8%.
Diante do exposto, podemos concluir que há um grande excedente de plástico a ser coletado e reciclado
O crescimento de uma cultura ambiental no país, o surgimento de legislações e normas ambientais, e a implantação dos programas de Coleta Seletiva, ,contribuirá para a expansão da industria de reciclagem o que resultará no aumento de empregos e na melhoria do meio ambiente.
Adilson Santiago Pires é Engo.Químico, consultor, diretor da HELP Treinamento e Consultoria e Presidente da Associação Para Preservação Ambiental Cidade Azul (APACA).
Ano da Publicação: | 2008 |
Fonte: | http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=716 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |