A reciclagem de plásticos na região de Sacramento, Califórnia, tornou-se um problema numérico.

A matemática seria muito mais simples se houvesse apenas sete algarismos.
E, mesmo assim, com apenas sete algarismos para optarmos, a reciclagem de plásticos pode ser complicada.
Agora, Rosalie Allison, de 73 anos, conhece esses números e ela diz: “Eu sempre olho o fundo dos vasilhames plásticos”.

Mas, apenas os números não nos contam a história completa.

Allison costumava colocar as embalagens de vitaminas e outros tipos de vasilhames plásticos que têm os símbolos de reciclagem 1 e 2, no seu latão. Mas ela descobriu que apenas as garrafas com gargalo estreito são aceitas na área em que mora.

O conteúdo dos contêineres que ficam nas calçadas da área onde Allison vive é coletado pela prefeitura de Sacramento. Os moradores da cidade de Sacramento podem depositar todos os vasilhames plásticos dos tipos 1 e 2 em seus latões para a reciclagem.

A ciência econômica simples é a base da reciclagem complexa. Segundo Doug Eubanks, coordenador de reciclagem dessa municipalidade: “Há tantos tipos diferentes de plásticos que nós, a princípio, recolhemos os que têm maior valor de mercado”.

Há importantes diferenças entre os tipos de plásticos e elas não são evidenciadas através do código de reciclagem. Mesmo que haja o mesmo código numérico, o qual determina o produto químico usado na fabricação do vasilhame, a fabricação de objetos plásticos segue diferentes processos de moldagem, o que cria a necessidade de tratamentos distintos. E, ainda, as diferentes empresas recicladoras recolhem diferentes tipos de plásticos.

“Isso pode tornar-se muito confuso para o público”, disse Michael Root, coordenador de reciclagem do Departamento de Serviços Públicos da cidade.

E essa confusão pode levar à complacência. “O verdadeiro problema é que o público realmente não compreende isso”, disse Dan Reagan, porta-voz da Gerência de Resíduos e de Reciclagem da cidade de Sacramento.

“Porque não podemos reciclar mais?” É a pergunta que lhe é feita com mais freqüência por habitantes como Allison.

Enquanto aumenta a cada ano a quantidade de plásticos reciclados pelos americanos, o percentual de utilização de plásticos reciclados no mercado vem diminuindo. A razão disso é que o mercado tende a utilizar plásticos mais baratos, mais leves e mais duráveis, em vez dos materiais tradicionais para embalagem como o vidro, por exemplo.

O custo é um fator de grande importância. E, segundo Mark Murray, diretor executivo do grupo de controle ambiental Californianos Contra os Resíduos: “Os produtos químicos utilizados para fazer novos artefatos plásticos são tão baratos que os fabricantes evitam arcar com os custos de coleta e de processamento do plástico reciclado.”

“Quase sempre, as empresas querem usar os produtos mais baratos,” disse Steve George, um vendedor da distribuidora de plásticos Interstate Plastics que opera na área de Sacramento. “Não há uma consciência ecológica.”

Saindo dos contêineres distribuídos pelas calçadas, o material reciclável é levado para empresas privadas (o município utiliza os serviços de várias empresas). A empresa seleciona e faz a compactação dos materiais, que serão levados para os fabricantes, normalmente na Ásia, os quais transformarão os plásticos reciclados em produtos que vão desde garrafas até fibras para a fabricação de tapetes.

Todos os plásticos são recicláveis, mas apenas alguns tipos têm demanda suficiente para que a coleta seja justificada. Os mais valorizados são os plásticos de números 1 e 2, muito utilizados por grandes empresas como as indústrias de bebidas.

De acordo com o Conselho Americano para Plásticos, uma organização comercial que reúne grandes fabricantes de plásticos, aproximadamente 95 por cento das garrafas de gargalo estreito são feitos com plásticos do tipo 1 ou 2. O conselho espera que, ao se criar políticas de reciclagem mais simples e pedir que as comunidades se concentrem na coleta de garrafas, as pessoas façam mais reciclagem de plásticos de maior valor de mercado.

Fonte: The Sacramento Bee-Knight Ridder/Tribune News

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