O segredo para o êxito de projetos de preservação ambiental está na sua sustentabilidade econômica. Os negócios que se concretizam nas diversas etapas envolvidas são a garantia para a perenidade e aperfeiçoamento de tais iniciativas.
Neste contexto, a reciclagem tem-se mostrado excelente oportunidade de alavancagem de novos empreendimentos, traduzindo-se em geração de emprego e renda para diversos níveis da pirâmide social. Um aspecto que merece destaque é o fato de o mercado de materiais recicláveis – que conhecemos por lixo – e reciclados estar ao alcance do micro e pequeno empresário. Com investimentos da ordem de R$ 140 mil reais é possível montar uma recicladora de plásticos diversos. Com R$ 50 mil inicia-se um pequeno negócio no mercado de PET reciclável (ex. garrafas de refrigerantes, óleo comestível, etc), que tem-se mostrado promissor. Para um pequeno negócio de reciclagem de papel, visando a fabricação de artefatos de polpa moldada (ex. bandejas para ovos e frutas, calços para componentes eletrônicos, entre outros) o aporte é da ordem de R$ 150 mil. Até o coco pode ser reciclado. Um pequeno negócio para transformação de fibras de coco em bancos para a indústria automotiva ou em carpetes de grande aceitação no mercado, requer um total de aproximadamente R$ 60 mil de investimento inicial. Não podemos esquecer das cooperativas de catadores, alternativa de emprego e renda para grande parte da população brasileira. Os catadores, aliás, são os maiores responsáveis pelos altos índices de reciclagem de alguns materiais, tais como latas de alumínio (73%) e papelão (71%). Em ambos os casos o Brasil situa-se em posição de destaque no cenário mundial. Tais cooperativas têm se transformado em empreendimentos cada vez mais rentáveis.
Entretanto, a falta de incentivos governamentais à atividade de comércio de sucatas e reciclagem tem sido um obstáculo a um crescimento mais acentuado do setor. Na verdade, antes de falar em incentivos é necessário eliminar os “desincentivos”, que não são poucos na esfera tributária, a nível federal, estadual e mesmo municipal. Do ponto de vista Federal pode-se destacar o IPI dos plásticos reciclados (12%) versus o IPI da resina “virgem” (10%); um contra-senso. Quanto ao ICMS, por que não dar créditos aos recicláveis e reciclados, comprados e vendidos? Neste sentido, o Governo do Tocantins está saindo na frente com uma legislação avançada a respeito.
Apesar das dificuldades encontradas, a reciclagem de resíduos sólidos, tanto industriais quanto urbanos, ganha cada vez mais fôlego no Brasil, graças ao espírito empreendedor, movido pela “garra” e criatividade do empresário brasileiro. As oportunidades existem. Vamos então aproveitá-las.
Ano da Publicação: | 2004 |
Fonte: | http://www.cempre.org.br/pequenas_empresas.php |
Link/URL: | http://www.cempre.org.br/pequenas_empresas.php |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
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