É fato: o lixo que é produzido em residências e empresas e é devidamente separado gera emprego e renda para todos os que compõem a cadeia produtiva da reciclagem. São milhões de reais que circulam entre catadores que vivem de vender metal, plástico, papel e vidro, pequenos sucateiros que lucram comprando e revendendo esses materiais e empresários que enxergaram na reciclagem um bom negócio. Isso sem contar com o enorme benefício que o reaproveitamento representa para o meio ambiente. Mas, mesmo diante disso, por que será que a maior parte da população prefere reclamar da sujeira e dos incômodos que os catadores causam no trânsito em vez de realizar a coleta seletiva nas casas e no local de trabalho?
A coleta tradicional de lixo doméstico, que é feita hoje em Fortaleza e na maioria das cidades brasileiras, é indiscutivelmente reprovável do ponto de vista ambiental e financeiro. O processo da Capital é assim: o caminhão recolhe o lixo produzido pelas residências e leva para o chamado transbordo do Jangurussu, onde catadores resistem às condições subumanas em busca de materiais que possam ser vendidos. O despejo do lixo nesse local é para permitir que o caminhão efetue as viagens necessárias para completar a coleta da cidade. De lá, o lixo é levado definitivamente para o aterro sanitário de Caucaia.
Processo explicado, vamos aos danos. No que se refere aos impactos ao meio ambiente, é possível enumerar três principais: a contaminação do solo e dos lençóis freáticos pelo chamado “chorume”, líquido produzido pelo lixo; poluição do ar pelo gás metano, gerado com a decomposição dos materiais; e poluição do solo com os objetos que demoram anos e anos para serem absorvidos pela natureza.
Do ponto de vista financeiro, o sistema de coleta atual é uma seqüência de prejuízos. Dados da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) e da Agência Reguladora de Fortaleza mostram que a quantidade do lixo coletado na cidade realmente assusta: são cerca de 3.500 toneladas por dia, que custam R$ 6,64 milhões aos cofres do município de Fortaleza por mês. Segundo a Emlurb, o que é reaproveitado para ser reciclado é um máximo de 175 toneladas.
O Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindverde) estima que cada pessoa produz, em média, 500 gramas de lixo doméstico por dia, sendo 150 gramas recicláveis. Isso significa que 1.051 toneladas do lixo de Fortaleza poderia ser reciclado e gerar renda para toda a cadeia produtiva da reciclagem. “É uma cadeia que reúne o milionário e o miserável e em que o milionário precisa do miserável”, define o empresário do ramo e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec), Ricardo Pereira.
Fonte: Wânia Caldas (O Povo)
Ano da Publicação: | 2008 |
Fonte: | http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00808/0080818riqueza.htm |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |