Adidas lança programa de logística reversa e convoca população

O esporte e os atletas como desenvolvedores de produtos. É com este laboratório de testes que a Adidas busca o aprimoramento na confecção de calçados e vestuários. Agora, com o lançamento do programa “Pegada Sustentável”, diretamente vinculado à PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos, a empresa corre atrás do norteamento sustentável de suas atividades.

Desta forma, a partir do dia 24 de janeiro de 2012, cada unidade da companhia se tornou um ponto de coleta de tênis usados. “Esta é uma ação voltada às cinco milhões de pessoas que entram em nossas lojas todos os anos. Eles terão uma alternativa de destinação correta aos seus tênis sem condições de uso, independente da marca”, afirma Fabiano Lima, diretor de Relações Institucionais.

Assim, a partir do momento em que o utensílio é depositado na urna e o cliente assina um termo de doação, a loja aciona o recolhimento através da empresa parceira RCR Ambiental, especializada em processos de gestão de resíduos industriais que, por sua vez, faz a descaracterização do produto, excluindo o logotipo e, com isso, qualquer uso posterior indevido da marca. “Depois, após a trituração, o material é levado às cimenteiras para co-processamento, gerando calor e substituindo parte do combustível fóssil que seria utilizado nos fornos de cimento”, explica Eduardo Gomes, diretor da RCR.
Novos desafios
Com 38 anos no Brasil, a Adidas possui fatia de mercado dividida da seguinte forma: 55% calçados, 40% roupas e 5% equipamentos esportivos. O objetivo é introduzir o conceito ecológico em cada um desses matizes. “Temos uma gestão estruturada que, com o mesmo grau de importância, considera a fase do design dos produtos ao descarte final”, afirma Lima. “Nossa meta é maximizar os recursos dentro do fairtrade”, aponta.

Um exemplo desta filosofia é a linha de camisetas fabricadas com poliéster integralmente reciclado. “Obrigatoriamente, nossos lançamentos devem ter mais fatores sustentáveis agregados do que a linha de produtos da temporada passada”, explica o diretor, embasando o critério de melhoria contínua adotado pela companhia.

Segundo ele, para se manter competitiva no mercado, a empresa necessita entender os novos dilemas da sociedade. “Pesquisas apontam que em alguns anos, 80% da população viverá em países emergentes, com necessidades de consumo maiores das praticadas hoje. Como prover estes recursos e incorporar a sustentabilidade nas empresas?”, indaga. “Este é um dos nossos principais desafios”, conclui.
Parceiros
Com o apoio do Ministério dos Esportes, o programa Pega Sustentável busca incorporar novos parceiros à iniciativa, que tem como meta a destinação de 10 mil pares até o final do ano. De acordo com Lima, a Adidas tem consciência de que o número proposto é baixo. “Infelizmente, o nível de adesão da população aos projetos de logística reversa é baixo, pela falta de divulgação”, diz. “Porém, temos o desafio de mobilizar o consumidor e isto se dará, massivamente, nos próximos anos”, contemporiza.

Inicialmente, o programa é válido apenas em São Paulo, mas a partir de março a empresa pretende expandi-lo para todo o Brasil. Além do apelo ambiental atrelado à proposta, há a distribuição de pares de ingressos ao Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, aos doadores.

Na ocasião de lançamento do programa, o ex-jogador Raí, que atuou pelo São Paulo, bem como Cafú, capitão da Copa do Mundo de 2002 e o meia Jorge Valdívia, do Palmeiras estiveram presentes para depositar os primeiros pares de tênis da campanha.