Transformar lixo em energia requer tecnologia. Segundo Luciano Basto, já existem muitas técnicas disponíveis. A mais simples consiste no aproveitamento do gás produzido em depósitos de lixo. “A produção de metano é uma função das características sanitárias do local de disposição. Estando o lixo coberto por uma camada de terra, haverá mais condições anaeróbias para a fermentação e produção desse gás”, acrescenta. Outras formas de produção são a incineração – sobre a qual ainda incidem alguns compli-cadores relacionados à queima, pois normalmente esses materiais se apresentam misturados – e a gaseificação. Diante de tais opções, os pesquisadores do Instituto Virtual vêm aprofundando seus estudos em dois tipos de processos que reduzem a quantidade de resíduos a serem encaminhados aos aterros: um deles consorcia a recuperação do metano à compostagem, que é a produção de adubo orgânico, e o outro produz celulignina, um combustível sólido proveniente do aproveitamento de restos alimentares.
“Implantar um sistema, que vai desde a coleta seletiva até transformar o lixo em energia, requer competência e cooperação. A população tem um importante papel a desempenhar nesse processo, pois são as pessoas que fazem a seleção e separação do lixo nos diferentes recipientes: um para papéis, plásticos, vidros e metais, de preferência secos, e outro para restos de comida. A própria mídia, em especial a TV, pode ajudar através de campanhas educativas. Há mais de 12 anos, 95% da população de Porto Alegre está engajada no sistema de coleta seletiva de lixo”, afirma o pesquisador. Mas isso é apenas o início. Segundo Luciano, para funcionar, cada município, ou grupo de municípios, teria que apresentar uma planta energética (usina de lixo) que seria responsável pelo recebimento e processamento do material. Além da diminuição dos aterros sanitários, o Brasil pode vir a ter, com a implantação desse sistema, uma receita da ordem de R$9 bilhões por ano. O montante viria da conservação de energia, da venda de recicláveis e da comercialização das emissões de gases evitados, como o carbono e metano. Como se não fosse vantagem suficiente, o pesquisador identificou que esta alternativa pode gerar uma expansão de energia elétrica da ordem de 15% em relação à atual oferta e aumentar o número de postos de trabalho para pessoas de baixa qualificação profissional em cerca de 1 milhão de vagas.
Ano da Publicação: | 2010 |
Fonte: | http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=352 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |