Quando se pensa em Páscoa, logo vem à mente uma imagem de dar água na boca: os deliciosos ovos de chocolate. Por todo o planeta, pessoas devoram estes doces, pensando apenas que estão ganhando algumas calorias a mais. Porém, o peso extra não é o único lado negativo desse festejo. Afinal, além da parte comestível, que conhecemos muito bem, os ovos de Páscoa consistem basicamente em embrulhos de plástico e papel. Daí surge o problema: para onde os embrulhos vão assim que acabamos de comer? Se você pensou no lixo, parabéns, resposta correta.
Estima-se que, em todo o mundo, a quantidade de embalagem que chega às casas dos consumidores seja muito maior do que de fato precisaria ser. Na Páscoa esta situação fica ainda mais clara. Os belos e volumosos embrulhos de papel celofane, às vezes acompanhados de plástico, às vezes com embrulhos menores no interior… tudo isso chega a um único destino final: o lixo. “As pessoas não têm noção de quanta embalagem jogamos no lixo; tínhamos que adotar mais medidas a favor do ambiente”, comenta a estudante de engenharia química, Dominiki Mendes. “Até os ovos de Páscoa têm culpa no acúmulo de resíduo. Precisamos de um acordo que diminua a quantidade de embalagem e, consequentemente, a quantidade de lixo que jogamos fora”, sugere.
A estudante não deve saber, mas um acordo parecido foi fechado na Europa. Pela necessidade de repensar embalagens em geral, empresas do setor alimentício no Reino Unido firmaram um tratado no qual se comprometem a diminuir todo ano a quantidade de material não-reciclável produzido em suas fábricas, incluindo as embalagens dos ovos de Páscoa – o Tratado de Courtald. Através do acordo, 35 grandes marcas e fornecedores, que representam 92% do setor alimentício do Reino Unido, têm trabalhado para diminuir a quantidade de embalagem produzida por ano e substituir o uso de recursos comuns por materiais recicláveis. O desafio: proteger, conservar e atrair a atenção com o mínimo de embalagem possível.
Curiosamente, essa necessidade de diminuir a quantidade de plástico e papel que chega à população através das embalagens de comida não partiu das empresas ou de movimentos proambiente e, sim, dos próprios consumidores, no Reino Unido. De acordo com o site da organização WRAP (Programa de Ações para Recursos e Lixo), 59% dos adultos britânicos acham que os ovos da Páscoa são superembalados.
Para cumprir as exigências do público, as grandes empresas adotaram alternativas para embalar os ovos de Páscoa em 2009. O resultado desse esforço mútuo se traduz de várias maneiras: consumidores com menos lixo para jogar fora; varejistas com produtos menores, mais baratos e que podem ser melhor organizados na prateleira; e empresas que economizam na produção de materiais como papel, plástico e papelão.
Desde a criação do Tratado de Courtald, só na época da Páscoa, os britânicos já deixaram de produzir quase 50% do total das 3 mil toneladas de embalagens de ovos fabricadas durante a Páscoa.
Medidas tomadas pelas empresas, no Reino Unido, para a redução de resíduos na Páscoa de 2009
– A Cadbury Scheppes conseguiu produzir menos 328 toneladas de plástico, 315 toneladas de papel cartão e menos 134 toneladas em embalagem-display;
– A Marks & Spencer utiliza hoje materiais reciclados; na Mars, as embalagens de ovos da Páscoa são feitas com 100% de papelão reciclado e levam conselhos aos compradores sobre como e onde se desfazer do lixo;
– A Nestlé decidiu trocar o invólucro de plástico em torno dos ovos por papel cartão, economizando centenas e reduzindo mais de 700 toneladas de lixo enviados para o aterro.
Ano da Publicação: | 2010 |
Fonte: | http://www.meulixo.rj.gov.br/conteudo/planeta11.asp |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |