Esta pesquisa focaliza a importância da articulação de atores e políticas na gestão empresarial do lixo para a produção de energia nas cidades. O grupo privado brasileiro Usinaverde foi escolhido como principal sujeito por atuar em rede interinstitucional, envolvendo universidade, cooperativa de catadores de lixo, empresas públicas e privadas, poder público estadual e municipal, consultorias; todos buscando interagir, mesmo que em diferentes escalas de participação, na geração de tecnologia inovadora, pioneira no país, capaz de transformar o lixo urbano em energia elétrica.
A inovação posta em prática pelo grupo Usinaverde reúne características tecnológicas que se encaixam no mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), proposta de tecnologia social e ambientalmente responsável para o desenvolvimento dos países menos industrializados. Essa proposta defendida pelo Brasil nos fóruns ambientais mundiais, colocou o país numa posição líder entre as economias em desenvolvimento.
A pesquisa identifica as formas de atuação interinstitucional, bem como as diferentes responsabilidades e estratégias assumidas pelos atores para tornar essa experiência um campo de domínio tecnológico, que se revelam nas esferas de competência e cooperação. Realizou-se um estudo exploratório-descritivo recorrendo-se à análise documental e à pesquisa empírica, essa última envolvendo visitas, observações e entrevistas abarcando a rede institucional constituída. Os resultados da pesquisa, por um lado, apontam para o papel estratégico esperado de cada município ou consórcio intermunicipal na gestão do lixo nas cidades. Por outro, ressaltam uma arena de interesses conflitantes nessa questão, revelando-se desafios impostos aos desdobramentos desejáveis da tecnologia proposta.