O Brasil descarta anualmente em média 30 milhões de pneus usados que, além de serem fabricados a partir da borracha (polímero oriundo de prospecção de petróleo), deixam um passivo ambiental caro. As estimativas chegam a 600 anos até ele virar pó. Além disso, quando queimado ao ar livre, o pneu solta uma fedorenta fumaça negra, que obviamente é poluente. No leito dos rios, eles atrapalham o fluxo natural das águas. E jogar pneu fora, em qualquer lugar, depois de recauchutá-lo várias vezes, parece ser uma prática indiscriminada. Apesar de não haver um dado oficial ou sistematicamente pesquisado, as estimativas são de 30 milhões de pneus jogados por ano. De qualquer modo, somente na limpeza do rio Tietê, entre 2002 e 2006, 120 mil pneus foram encontrados jogados nas águas poluídas do rio paulista. Aliás, os pneus cheios de água foram considerados os grandes demônios da época da dengue.
Uma solução inteligente, além de reduzir o número de carros nas ruas (através de transporte coletivo de qualidade) é justamente transformar os pneus em calçada, como já está sendo feito em Washington (EUA), leia melhor abaixo.
Para lembrar sempre: O Brasil é o único país do mundo que transporta ferro e aço em caçamba de caminhão. Nossos caminhoneiros, ou carreteiros, trabalham por empreitada, sem carteira assinada, aposentadoria ou plano de saúde. Dobram jornadas, a base de estimulante, em estradas esburacadas e veículos muitas vezes não vistoriados.
A garrafa quica e não quebra. Os pés sentem a diferença: o chão está mais macio. A prefeitura de Washington está instalando calçadas de borracha na cidade. Investiu US$ 60 mil nos últimos oito meses. Se o projeto-piloto continuar a dar certo, vai tomar conta da capital americana.
A cidade das árvores, como é conhecida nos Estados Unidos, está cuidando com carinho do título, trocando o cimento pelo piso emborrachado em torno das árvores, para proteger as raízes e acabar com as calçadas quebradas.
O cimento não permite que o ar e a água passem para o solo. Por isso, as raízes crescem para cima, em busca de alimento, e acabam empurrando e quebrando a calçada. Todo ano, a prefeitura tem que trocar blocos inteiros, quebrar o cimento e refazer tudo. Somente com os consertos, gasta cerca de US$ 5 milhões anualmente e ainda tem que se defender de processos na Justiça, porque as pessoas tropeçam, se machucam e exigem indenização.
Entre as placas de borracha, existe espaço suficiente para permitir a passagem de ar e de água. Como elas são maleáveis, também se adaptam à movimentação das raízes. O engenheiro da prefeitura Wasi Khan acrescenta outra vantagem do projeto: as placas são feitas de pneus reciclados, material que ocupa os depósitos de lixo e preocupa as autoridades.
Cada placa, que amortece a caminhada, significa um pneu de borracha a menos nos lixões. Mas o preço ainda é um problema. O revestimento novo custa três vezes mais do que o antigo. A vantagem virá a longo prazo. A calçada deve durar o triplo do tempo.
A instalação das placas de borracha é super-rápida, porque elas se encaixam umas nas outras com pinos que vão em orifícios. Além do mais, é um trabalho simples, porque elas são bem mais leves do que qualquer material de concreto.
Elas também são reversíveis e não queimam com pontas de cigarro. Vantagens econômicas e ecológicas à parte, uma moradora que testou a novidade diz que as árvores estão levando vantagem. Ela gostaria que a calçada inteira fosse mais macia.
Nos Estados Unidos, 86% dos pneus velhos são reciclados fazendo calçadas ou asfalto. Uma tecnologia que está dando os primeiros passos no Brasil. Cada quilômetro de estrada pavimentado com asfalto de borracha pode significar até 7 mil pneus a menos nos lixões.
Ano da Publicação: | 2013 |
Fonte: | Blog Carol Daemon |
Link/URL: | http://caroldaemon.blogspot.com.br/2013/04/as-calcadas-de-borracha-partir-de-pneus.html |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
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