A relação dos homens com o plástico nunca foi pacífica. Por um lado, o plástico sempre foi visto como um material de pouca qualidade: chama-se “comida de plástico” aos alimentos pouco saudáveis; peles, fibras naturais e ouro são preferidos em vez de vulgares “imitações de plástico”. O plástico está por todo o lado, suja as ruas e insiste em não se degradar. Por outro lado, será que seria possível passarmos um único dia sem usarmos plásticos? No final de contas, é um material higiénico, isolante e praticamente inquebrável. O problema é que usufruímos tanto destas qualidades que, a dada altura, se começou a pensar se ainda haveria lugar para os homens num mundo tão poluído pelos plásticos.
Contudo, garrafas, sacos e embalagens danificadas podem ter uma segunda vida e ainda gerar betão, vasos, roupa e mobiliário, sem que seja necessário prejudicar o ambiente. É o que acontece quando depositamos resíduos de plástico no ecoponto amarelo. Depois de recolhidas pelas autarquias, as embalagens são encaminhadas para estações de triagem, onde o plástico é separado de acordo com os seus diferentes tipos de densidade e encaminhados para as respectivas indústrias recicladoras. É aqui que se dá a reciclagem mecânica, em que os plásticos passam por um processo de trituração, lavagem, secagem e extorsão.
Os resíduos de plásticos são assim convertidos em pequenos grãos que podem ser utilizados na produção de outros produtos, como tubagem, sacos, fibras para peças de vestuário, outras embalagens, etc.
No entanto, apesar de se produzirem cada vez mais produtos com plástico inteiramente reciclado, “a utilização de matéria-prima reciclada é geralmente limitada a uma percentagem que varia com o produto” desejado, sendo “misturada com a matéria-prima virgem”, ou seja, plástico novo, explica Rui Toscano, presidente da Plastval, uma empresa criada com o objectivo de ajudar a atingir as metas de reciclagem estabelecidas pela legislação.
Segundo este engenheiro, o uso de matéria virgem fica a dever-se à necessidade de “assegurar determinadas propriedades estruturais, níveis de qualidade, higiene e até mesmo de estética”.
Já a Associação Portuguesa de Indústria de Plásticos refere que, olhando para todo o ciclo de vida do plástico, “o saco de plástico é a opção mais ecológica” face aos sacos de papel. De acordo com os fabricantes, “a produção e utilização de sacos de papel gera 70% mais poluição atmosférica”, para além de os sacos de plástico serem reutilizáveis e ocuparem pouco espaço nos transportes de lixo e nos aterros.
Por seu lado, Pedro Carteiro, do centro de informação de resíduos da Quercus, relembra que o plástico “é um material não biodegradável e que vai permanecer no ambiente durante centenas de anos. Quando chega ao meio aquático, causa graves impactos na fauna marinha, além de a sua produção e queima contribuírem para a emissão de gases de efeito de estufa”. Outro perigo não menos alarmante, mas mais desconhecido, é o facto de “alguns tipos de plásticos quando queimados gerarem poluentes orgânicos persistentes, entre os quais as dioxinas, moléculas muito tóxicas com efeitos cancerígenos”, alerta Pedro Carteiro.
Face a todas as vantagens económicas, ambientais e de saúde pública inerentes à reciclagem, também o presidente da Plastval salienta que: “A recolha de resíduos de embalagens de plástico ainda é insuficiente”, devendo-se por isso “continuar a sensibilizar a população” e a melhorar a “eficiência dos circuitos de recolha e triagem”. Até porque, a nível mundial se consomem cerca de cem milhões de toneladas por ano.
Fonte: Sara Gamito (Diário de Notícias)
Ano da Publicação: | 2012 |
Fonte: | reciclaveis.com.br |
Link/URL: | http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00809/0080903vidas.htm |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |