Biomassa, a esperança verde para poucos

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Biomassa, a esperança verde para poucos

São Paulo - Há 30 anos, 40% da energia primária consumida no Brasil era

proveniente de biomassa (fundamentalmente lenha) e isso era motivo de vergonha nacional, pois significava subdesenvolvimento. Na mesma toada, cientistas e técnicos desprezavam esforços em pesquisas sobre biomassa. Pois bem, hoje, já com apenas 13% de seu consumo de energia derivado da lenha (e com mais que a metade desse percentual baseada em sofisticadas tecnologias industriais), as atenções no Brasil se voltam para a biomassa por tanto tempo subestimada.

Aliás, essa inversão de expectativas ocorre não somente aqui mas em todo o mundo. Mas seria apropriado colocar tanta esperança nessa insólita opção? Pois

também há, em alguns setores, principalmente nos EUA, uma grande incredulidade.

E isso ocorre principalmente em relação à tecnologia que maior sucesso econômico alcançou, ou seja, a produção de álcool etílico (etanol) por via.

A principal razão para essa crença é o fato de que a produção americana de

etanol a partir do milho não alcança um balanço energético maior que 1,2. Ou

seja, a energia do álcool de milho produzido nos EUA é apenas 20% maior que aquela consumida para sua fabricação. No Brasil, em contraste, o balanço

energético para o álcool é maior que 8, ou seja, 700% a mais que a energia consumida.

Outra crença perversa e falsa é a de que o custo de produção do álcool é

elevado em comparação com o da gasolina, sendo seus baixos preços conseguidos graças a subsídios. Isso talvez fosse verdade nos primórdios do Proálcool, mas certamente não mais o é hoje. Primeiramente, porque os custos de produção foram reduzidos, entre 1975 e 2000, a um terço de seu valor inicial e, em segundo lugar, porque o petróleo aumentou seus preços nesse período e estes, no futuro, continuarão aumentando. Nos EUA, o subsídio ao litro de álcool produzido é maior do que o custo de produção dessa mesma quantidade no Brasil, por mais absurdo que isso possa parecer.

Mas seriam essas condições benfazejas suficientes para justificar investimentos

maciços? Atualmente, levamos em consideração quase exclusivamente os custos de produção. Todavia em breve, quando a disponibilidade de terras para cultivo se tornar um fator ponderável, a produtividade por unidade de área deverá prevalecer. Há fundamentalmente três opções para combustíveis líquidos derivados de

biomassa: etanol, biodiesel e metanol. O metanol, que pode ser produzido a

partir da madeira, é o menos promissor. Também é possível produzir etanol e

outros combustíveis da madeira. Para a produção de álcool não há competidor

para a cana-de-açúcar, senão eventualmente o sorgo, que apresenta aproximadamente a mesma produtividade que a cana (6.000 litros/hectare ano),

mas que, não obstante, apresenta custos de produção ainda muito maiores do que

os da cana, que são de aproximadamente R$ 0,35/litro.

Para a produção de biodiesel, cerca de R$ 0,20/litro para o processamento

industrial (transesterificação) deve ser adicionado aos custos de produção do

óleo. A soja, que tem um custo de produção aceitável -R$ 0,80/litro de óleo-

devido ao desenvolvimento tecnológico já realizado, deve ser descartada por

causa de sua inerente baixa produtividade (560 litros/hectare ano), perto de

dez vezes menor que aquela da cana. Além do mais, o balanço energético para o biodiesel de soja se aproxima daquele do álcool do milho nos EUA, enquanto para

o dendê e a mamona esse parâmetro tende para aquele do álcool de cana. Tanto o dendê como a mamona são bons candidatos, pois têm produtividades de 3,7 a 5,0 t/

 

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Autor:
Rogério Cerqueira Leite

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