Brasil já produz ‘‘plástico verde‘‘ em escala comercial

De fonte renovável e constituído de elementos que se reintegram novamente à natureza, o biopolímero parece sonho



Propriedades como leveza, resistência e durabilidade fizeram com que o plástico rapidamente dominasse o mercado das embalagens. Essas duas últimas propriedades, no entanto, têm mostrado sua face problemática na forma de lixo acumulado, gerando conseqüências, como proliferação de doenças e enchentes por entupimento das redes de drenagem, entre outras. Isso sem contar com a matéria-prima não renovável: o petróleo.



Pesquisas científicas, por outro lado, levaram à produção de um material com propriedades semelhantes, de fonte renovável, que neutraliza carbono e ainda gera um resíduo biodegradável compostável: o biopolímero, já produzido e comercializado em escala industrial no Brasil, a partir do açúcar.



A PHB Industrial é proprietária da marca biocycle (ciclo biológico), que teve seu desenvolvimento iniciado em 1992, com estudos de fermentação visando à produção de polímero biodegradável. A explicação é do diretor executivo da empresa, Sylvio Ortega Filho.



Ainda com um mercado mais direcionado à Europa, Ásia e Estados Unidos, que avança no consumo consciente, a produção, de 50 a 60 toneladas por ano, é pequena em termos de polímero. Mas está prevista para 2009/2010 a ampliação da planta para a produção de dez mil tonelada anuais.



O material atende a diversas técnicas produtivas, como injeção, extrusão, termoformagem e prensagem. Só não foi possível ainda a aplicação para a produção do filme (saco plástico), segundo Sylvio.



Em 1994 foram concluídos os estudos laboratoriais para as fases de produção, incluindo pré-fermentação, fermentação, extração e purificação. A avaliação preliminar da tecnologia e avaliação econômica indicaram o potencial para o mercado internacional, segundo informações de Maria Filomena de Andrade Rodrigues, do Laboratório de Biotecnologia Industrial (LBI) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado ao Governo do Estado de São Paulo, onde a tecnologia foi desenvolvida e, posteriormente, transferida para a PHB Industrial.



Em 1995, foi instalada a planta piloto, na Usina da Pedra, em Serrana, Estado de São Paulo, com os primeiros testes para a produção do polihidroxibutirato (PHB), com capacidade de cinco toneladas anuais. Em 2000, a planta foi redimensionada, ampliando sua capacidade para as atuais 50 toneladas/ano.



Industrializada, a cana-de-açúcar se transforma em sacarose (açúcar) e fibra (bagaço). Por fermentação, a sacarose é transformada no polihidroxibutirato (PHB); e a fibra, utilizada como fonte de energia.



O plástico biodegradável é constituído basicamente por carbono, hidrogênio e oxigênio. Dele pode derivar também o polihidroxibutirato valerato (PHB-V), poliéster de origem natural similar.



Na produção do biopolímero, o açúcar é invertido, num processo enzimático, pelos microorganismos da espécie Alcaligeness sp. Durante o processo, é utilizado, ainda, um álcool superior como solvente para a extração do biopolímero. O bagaço da cana-de-açúcar utilizado na produção de energia elétrica e vapor.



Os efluentes são basicamente água e a matéria orgânica da bactéria, lançada na lavoura de cana-de-açúcar como fertilizante orgânico.



Quando descartado no ambiente natural e biologicamente ativo (com presença de bactérias e fungos), associado à temperatura e umidade, o biopolímero se converte em carbono e água, concluindo o ciclo de vida natural.



O Biocycle é utilizado na indústria de transformação para a confecção de diversos produtos. O uso vem se expandindo, na área da medicina, farmacologia, cosmética e embalagens diversas, entre outros.



Mais informações:

www.ipt.br

www.biocycle.com.br



Maristela Crispim

Repórter



SAIBA MAIS

O uso de materiais biodegradáveis não é a solução definitiva para o resíduo sólido urbano



No caso d

Ano da Publicação: 2008
Fonte: http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=599
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

Check Also

Estudo revela que reduzir o plástico descartável no Brasil pode gerar R$ 6 bilhões e evitar a emissão de 18 milhões de toneladas de CO2

Considerando o período de 2025 até 2040, a transição do plástico descartável para alternativas mais …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *