CARTA DOS CATADORES E CATADORAS DO ESTADO DA BAHIA

Este é um momento histórico para nós, catadores e catadoras da Bahia.



Estamos construindo uma nova página em nossas vidas.



Nos últimos dois dias, 06 e 07 de fevereiro, pudemos trocar experiências e conversar sobre nossa luta, nossas reivindicações no I Encontro Estadual da Bahia que contou com a presença de 370 catadores de 28 municípios.



Não iniciamos hoje nossa caminhada. Em 2001 fizemos o nosso primeiro encontro nacional de catadores, em Brasília, que resultou na Carta de Brasília. Posteriormente, em 2003, realizamos o Encontro Latino-Americano de Catadores, em Caxias, que resultou na Carta de Caxias.



Há muito lutamos e há muitos que lutam.



Neste caminhar tivemos, temos e teremos muitos parceiros.



No último dia 23 de dezembro, nossa representação nacional de Catadores esteve em audiência com o Presidente da República, Lula da Silva. Lá estivemos apresentando nossas bandeiras de luta. Acreditamos que, com nossa união e luta, poderemos estar construindo um novo país, uma nova realidade para os catadores. Queremos acreditar que um novo momento político foi inaugurado. Cabe a nós, catadores e catadoras, permanecermos vigilantes e unidos para que nossas reivindicações se transformem em realidade.



Queremos conversar e construir parcerias com a sociedade.



Estamos entre os primeiros ambientalistas desse país e participamos da construção do Brasil.



Fomos os primeiros a fazer a coleta seletiva e há mais de 50 anos os catadores e catadoras de materiais recicláveis contribuem para um ambiente sustentável. Contribuímos também para o desenvolvimento econômico de nosso país, gerando postos de trabalho renda.







Lutamos por uma vida melhor para nós e para nossas famílias.



Nossa luta é por:



Ø Remuneração pelo trabalho de prestação de serviço às Prefeituras: A tarefa de recolhimento do lixo é de responsabilidade da Prefeitura. Quando os catadores realizam a coleta de material reciclável, estão contribuindo para a atividade do poder público municipal. Devem, portanto, serem remunerados pela atividade;



Ø Coleta Seletiva de Material Reciclável: Somos favoráveis que as cidades implantem coleta seletiva para a construção de um meio ambiente sustentável;



Ø Coleta Seletiva com participação ativa do catador de material reciclável: Queremos coleta seletiva com os catadores, trabalhadores que historicamente fazem a catação de material reciclável na cidade;



Ø Fim dos lixões: Acreditamos no fim dos lixões como forma de contribuir para um ambiente sustentável. Entretanto, acreditamos que o fim dos lixões não deve extinguir postos de trabalho, dos catadores. Queremos, portanto, o fim dos lixões com política de inclusão dos catadores, que neles catam materiais recicláveis, na coleta seletiva da cidade;



Ø Construção dos Aterros Sanitários com participação dos catadores: A construção de aterros sanitários deve necessariamente passar pela avaliação dos trabalhadores que neles atuarão. É necessário incluir os catadores no planejamento dos aterros sanitários para que o centro de triagem esteja adequado as necessidades do trabalho;*



Ø Políticas Públicas de capacitação dos catadores: Assim como em outras profissões, nós catadores, necessitamos de políticas de qualificação para o exercício da nossa profissão melhorando a qualidade do trabalho e a renda;



Ø Políticas Públicas de apoio às cooperativas de catadores: Necessitamos de galpões, prensas e balanças. Necessitamos da ampliação dos programas estaduais (Programa Reciclar Para Crescer) e federais (Programa Fome Zero) com ampliação do número de catadores beneficiados.



Ø Políticas Públicas de Melhoria de Vida dos Catadores: É necessário reconhecer as necessidades dos catadores de maneira mais<

Ano da Publicação: 2004
Fonte: Lixo e Cidadania
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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