A prevenção de resíduos, enquanto estratégia ambiental, tem sido aplicada com sucesso em várias indústrias. Porém, sua aplicação durante a fase de desenvolvimento dos produtos ainda é pouco explorada. A prevenção de resíduos é mais efetiva quando incorporada ao projeto do produto, pois possibilita uma análise dos impactos durante todo o seu ciclo de vida. Os resíduos de embalagens são particularmente preocupantes, pelos materiais utilizados e pelo volume que ocupam nos aterros sanitários. A análise das potencialidades da prevenção de resíduos de embalagens justifica-se pelas características destes resíduos quanto a degradabilidade e volume, e também pela vida reduzida associada às embalagens. O objetivo desta pesquisa foi realizar uma análise das potencialidade da prevenção de resíduos de embalagens com abordagem sobre o seu consumo e seu projeto, através da introdução de considerações ambientais no desenvolvimento de embalagens. Para isso, buscou-se um referencial que permitisse entender os mecanismos do modelo de produção e consumo, as tendências de consumo, o comportamento dos consumidores e sua importância na modificação dos projetos de embalagens. No desenvolvimento de embalagens foram identificadas as alternativas quanto às considerações ambientais durante a fase de projeto. Finalmente, realizou-se uma confrontação entre as possibilidades identificadas e a atual aplicação no mercado nacional e um apontamento das oportunidades não exploradas. Com isso, buscou-se não somente apresentar um panorama sobre a situação brasileira quanto ao desenvolvimento de embalagens com vistas a prevenção de resíduos, como também contribuir para que esta seja realmente implementada. Explorou-se também as características e tendências da legislação ambiental referentes aos resíduos sólidos, tendo em vista ter a legislação papel fundamental na prevenção de resíduos. Várias alternativas de estratégias de projeto de embalagens com considerações ambientais foram identificadas: redução da quantidade de material por embalagem ou número de embalagens, projetar a forma da embalagem visando a facilitar seu transporte, projetar produtos de uso coletivo e compartilhado, produtos concentrados ou desidratados, redução das dimensões físicas dos produtos, projetar produtos mais duráveis e reutilizáveis [redução do uso de recursos – materiais e energia]; priorizar recursos vindos de fontes renováveis, usar materiais biodegradáveis, eliminar o uso de constituintes tóxicos, como metais pesados dos corantes, usar material reciclado [escolha de recursos de baixo impacto ambiental]; projetar para reuso [extensão da vida do produto]; projetar para reciclagem [extensão da vida do material]. Estas alternativas ainda são pouco utilizadas no desenvolvimento de embalagens nacionais. Quanto aos consumidores brasileiros, estes demonstram um baixo nível de priorização e informação quanto às questões ambientais, o que compromete a motivação para o consumo mais consciente. Com relação à legislação brasileira, inexiste uma lei que oriente, em nível nacional, quanto à gestão de resíduos sólidos, uma política nacional de resíduos sólidos, o que compromete a gestão dos resíduos com enfoque na prevenção, embora a tendência dos projetos analisados, com vista à instituição de política de resíduos, é sobre a prevenção de resíduos e a co-responsabilização do setor produtivo pelos resíduos pós-consumo.