O resíduo industrial da preparação de chapas de alumínio, que possui 69% de cromo, pode ser empregado como fertilizante orgânico em plantações de milho, sem riscos de contaminação dos grãos e sabugos. Estudo realizado na Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA) revela que o metal pesado se concentra nas raízes da planta. A técnica é uma alternativa para o aproveitamento do resíduo industrial, que pode provocar danos ao homem e ao meio ambiente caso não tenha uma destinação final adequada e acabe contaminando os cursos d‘‘água.
Para favorecer a retenção do cromo na camada superficial do solo, a autora da pesquisa, Arminda Saconi Messias, misturou ao resíduo um composto urbano obtido com o reaproveitamento do lixo orgânico domiciliar. “Dessa forma pode-se evitar a contaminação das águas subterrâneas”.
A dose recomendada por hectare é de 80 toneladas de resíduo industrial, chamado de lodo crômico, misturadas a 40 toneladas de composto urbano. “Mais que isso e o fertilizante pode ser tóxico para a planta, inibindo o seu desenvolvimento”, diz Arminda, que realizou a pesquisa para o seu doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos.
“Para chegar a esse resultado, a pesquisadora fez experiências com zero, 40, 80, 160 e 320 toneladas de lodo crômico misturados a 40 toneladas de composto urbano por hectares. Além de observar o crescimento da planta, Arminda analisou quimicamente todas as suas partes, para quantificar o teor de cromo.
Ela usou mais de 200 vasos com capacidade para oito quilos na casa de vegetação e depois levou a experiência com o milho para o campo na sede do IPA, no Recife. O milharal foi acompanhado por 100 dias. Arminda, que também é professora do Departamento de Química da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), não chegou a usar um hectare para o experimento, mas transformou os resultados nesta unidade de medida.
De acordo com a química, a agricultura não é a única aplicação do fertilizante proveniente do lodo crômico. O fertilizante também pode ser usado na recuperação de áreas degradadas, como para o replantio de Mata Atlântica.
O período de incubação do lodo crômico no solo é o mesmo recomendado para qualquer cultura: 45 dias, com a presença de chuva, até a data do plantio. Esse é o tempo necessário para diminuir a capacidade de dissolução do metal pesado no solo. Arminda Messias destaca que o fertilizante não pode ser usado indiscriminadamente. “O comportamento do cromo no meio ambiente vai depender do tipo de solo e da cultura a ser utilizada”, justifica.
No local onde foram realizadas as pesquisas de campo, concluídas em 1997, a pesquisadora está agora avaliando o efeito residual do cromo. “Aonde havia o milharal, foi plantada macaxeira”, diz Arminda. O objetivo é saber se o metal pesado também vai se concentrar na raiz, como ocorreu com o milho, o que inviabilizaria o uso do lodo crômico nessa cultura.
AUTOR: VERÔNICA FALCÃO
Ano da Publicação: | 2007 |
Fonte: | http://www2.uol.com.br/JC/_1998/1008/cm0908c.htm |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |