Coleta e recebimento de resíduos químicos no centro de gestão e tratamento de resíduos químicos do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil)

Os mais diversos problemas relacionados com a expansão da atividade industrial,
acompanhada por igual expansão dos conceitos associados com o consumo em massa e da
descartabilidade das coisas, ultrapassaram os umbrais das fábricas, dos centros de pesquisas e
perpassaram para o cotidiano doméstico. É inegável a presença de questões relativas ao lixo, seja de
origem doméstica, hospitalar e industrial, na rotina diária de cada cidadão. Muito embora esta
temática seja freqüentemente tratada de modo sensacionalista pelos meios de comunicação, não se
pode negar que problemas sérios existam e precisam ser enfrentados adequadamente. Rejeitos
perigosos podem causar incêndios e explosões. Podem também levar à poluição do ar e à
contaminação da cadeia alimentar e dos lencóis freáticos, ou ainda envenenamento por simples
contato direto. Estes rejeitos, igualmente perigosos, são também gerados pelas atividades de ensino
e de pesquisa em Química e em áreas afins, tais como Farmácia, Agronomia, Engenharia Química,
Bioquímica, Veterinária, Metalurgia, Biotecnologia, entre outros. Apesar do volume destes rejeitos ser
mínimo quando comparado com rejeitos industriais, domésticos e hospitalares, o impacto sobre o
meio ambiente existe. O tratamento destes rejeitos deveria ser levado muito a sério dentro de
comunidade universitária; tanto pela grande escola que tal atividade pode proporcionar para os
estudantes destas áreas, quanto pela contribuição ao desenvolvimento da cidadania.
A Universidade Pública tem o compromisso com a comunidade que a mantém, seja na oferta
de um ensino de alto nível, quando se discute pesquisas de ponta; ou na vanguarda do conhecimento
cultural, científico e tecnológico; ou ainda nas atividades de extensão, quando a sociedade pode
dispor dos melhores profissionais no Brasil qualificados em cursos de PG em todas as áreas do
conhecimento, como muito bem deve caracterizar-se uma Universidade.
A relação da Universidade com a sociedade, que a circunda, deve estar apoiada, portanto, na
busca do equilíbrio social, cultural e ambiental. Dentro deste contexto, o Instituto de Química da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desde os anos 80, vem desenvolvendo uma política
gerencial de compromisso com a preservação do meio ambiente, junto ao seu corpo docente,
discente e técnico administrativo. Deste modo, durante os últimos 15 anos, desenvolvemos uma
filosofia e uma prática de trabalho de dar tratamento adequado aos rejeitos perigosos gerados em
nossos laboratórios que, porventura, possa acarretar algum dano no meio ambiente.
Nestas mais de duas décadas, o IQ desenvolveu alguns procedimentos pilotos para coleta,
transporte e tratamento de resíduos orgânicos e inorgânicos – iniciativa ímpar entre as
Universidades Brasileiras. Com relação ao tratamento de resíduos, foram estabelecidos
inicialmente três princípios: os solventes orgânicos, coletados em grande excesso passíveis de serem
destilados para reaproveitamento; os solventes clorados, enviados para empresas que disponibilizam
tecnologias de incineração; e finalmente os rejeitos químicos inorgânicos que são precipitados.
Há cerca de 03 anos, dentro de uma política mais abrangente em termos da Universidade, foi
criado o Centro de Gestão e Tratamento de Resíduos Químicos, que tem por finalidade ser uma
entidade de vanguarda, dedicada à produção e à divulgação de conhecimentos científicos e
tecnológicos na área de gestão de resíduos químicos e de segurança química, dando suporte às
atividades de ensino, de pesquisa e de extensão do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e estendendo sua ação dentro de sua capacidade, a outras unidades desta
Universidade e a entidades públicas e privadas. Seu princípio é desenvolver atividades, através da
ação conjunta e transdisciplinar dos quadros técnico-administrativos, docente e discente, à partir de
uma estratégia ambiental preventiva e pró-ativa integrada aos processos e serviços, visando
aumentar a eco-eficiência e reduzir os riscos às pessoas e ao meio ambiente.

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