COLETA SELETIVA DE LIXO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL – POR JOSÉ NÁRIO

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Resumo:

Com grande satisfação - e alguma apreensão - tenho observado manifestações a respeito da reintrodução da coleta seletiva de lixo na cidade. Pelo visto também há preocupação com o destino final dos resíduos, mais especificamente com a durabilidade do lixão.
São notícias muito bem vindas, por vários motivos. O principal deles é porque cidades pequenas como Muzambinho não deveriam mais ter problemas relacionados à coleta e ao processamento de lixo. Aqui, a exemplo da grande maioria das cidades do entorno, existem todas as condições para que essa questão seja encaminhada da forma mais satisfatória possível.

A quantidade de lixo produzida diariamente não atinge exorbitâncias impossíveis de ser gerenciadas. As distâncias são curtas, não demandando grandes investimentos em infra-estrutura de transporte e a participação de catadores de material reciclável no processo é perfeitamente possível.

Apenas um ponto da questão tem provocado preocupação: a experiência prova que não se consegue a efetiva introdução da coleta seletiva sem um substancioso período de educação da comunidade.

Diria, mais apropriadamente, que o sucesso da coleta seletiva está condicionado à educação ambiental da população. Sem uma preparação criteriosa, é impossível o satisfatório funcionamento do sistema. Os casos de sucesso que conheço começaram exatamente pela educação da população.

Para isso, é necessário também que se diferencie a educação formal da educação ambiental. O ensino de cuidados ambientais em salas de aula, em todos os níveis, é necessário e já está consolidado em todo o país. Mas está longe de surtir efeitos imediatos no cotidiano.

A única forma de se conseguir os efeitos desejados no dia-a-dia, e de forma mais rápida, é a educação da população adulta que está fora das salas de aula. São eles que decidem as ações em casa e no trabalho. São eles os verdadeiros agentes poluidores.

E são exatamente eles que podem mudar essa situação inadequada do destino dos resíduos. A primeira atitude a ser mudada é a relação das pessoas com esses resíduos. Na atualidade, é comum observar pessoas, supostamente bem esclarecidas, cometendo erros absurdos nessa relação tumultuada com o lixo.

Por exemplo: mesmo sabendo que o caminhão coletor de lixo não passa aos domingos, tem gente que coloca seus resíduos na rua no sábado à noite. Essa atitude é bem típica de um comportamento da maioria das pessoas, isto é, a socialização do lixo.

O pensamento é mais ou menos o seguinte: “O que não me serve mais, eu divido com o restante da população”. É a famosa Lei de Gérson: “Tenho que levar vantagem em tudo”. Por isso a rua é o seu depósito de lixo. Consequentemente, para essas pessoas, o mundo todo é um imenso lixão.

Esses indivíduos acham que seus resíduos não lhe pertencem. Colocam nas vias públicas e dividem os resultados com todos os vizinhos e com a população em geral. Animais e pragas atacam esses resíduos, espalhando-os pelas ruas.

Com isso, contribuem grandemente para fornecer alimentação para esses animais e pragas, além de atrair insetos, oferecendo grandes riscos para a disseminação de doenças relacionadas ao lixo, quais sejam: dengue, tifo, leptospirose, câncer, tétano, cólera e intoxicações diversas. E, com a chegada do carnaval, quando a população dobra durante uma semana, o lixo espalhado pelas ruas também aumenta muito.

Portanto, para que se obtenham resultados satisfatórios na coleta seletiva de lixo é primordial mudar a relação das pessoas com os resíduos produzidos por elas. É o primeiro passo: todos têm que compreender que o lixo é de responsabilidade de quem o produz.

E não há outro caminho a não ser a educação ambiental, com a total conscientização das pessoas sobre os perigos oferecidos pelos resíduos descartados de forma inconveniente.

Algumas experiências, ditas bem sucedidas, promovem barganhas com a população, oferecendo vantagens em troca da participação mais efetiva da comunidade. Tem cidades que oferecem as embalagens para acomodar os resíduos, outras trocam o lixo por verduras e legumes e ainda outras oferecem descontos em impostos e taxas.

Mas isso tudo é equivocado e maléfico. A maior vantagem para a população é o correto encaminhamento dos resíduos, beneficiando a todos sem distinção, não se observando qualquer tipo de vantagem individual.

Enfim, nós que lutamos por um ambiente mais sadio, esperamos que se faça a escolha do método mais conveniente e que se obtenha o melhor encaminhamento da questão. Sabemos que o tema é urgente e necessário, não podendo mais ser ignorado pelas administrações municipais atuais de todo o país.

 

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Autor:
JOSÉ NÁRIO

 

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