Com a palavra, os profissionais da reciclagem

O Presidente Lula pediu aos prefeitos do Brasil para organizar os catadores em cooperativas, afirmando que o empresário do ramo da reciclagem tira o salário de 300 pessoas para ter lucro sozinho. A frase indignou os profissionais da reciclagem. O Setor Reciclagem resolveu ouvir alguns deles.

No dia 7 de Novembro foi publicada a notícia BNDES terá R$ 225 mi para projetos de reciclagem em que o Presidente Lula afirma que se a reciclagem for administrada por profissionais, 300 pessoas deixam de lucrar.

No dia 11 de Novembro de 2009, foi publicada a notícia Cooperativas, como sugere Lula, não resolvem o problema que, apesar de criticar a posição do presidente, não toca no nome do reciclador profissional.

O Setor Reciclagem decidiu então dar a palavra aos recicladores, que se manifestaram, como você pode acompanhar abaixo:

Norio M. Furuguem – Ativa Reciclagem
Nós, empresários do ramo de reciclagem investimos muito dinheiro, tempo e planejamento, geramos empregos diretos e indiretos. Subsidiar cooperativas é substituir investimento privado para utilizar dinheiro público para um empreendimento que nem sempre dá lucro, cria-se uma concorrência desleal.

O investimento em cooperativas perpetua a situação de subsistência dos trabalhadores, que poderiam estar empregados e com as garantias exigidas por lei, este investimento deveria ser para a educação e profissionalização desta mão de obra.
Nós empresários investimos em equipamentos e tecnologia pois tratamos do negócio para dar lucro e não para dar ocupação, a tendência é de aumentar o consumo e gerar mais resíduos, e a mão de obra ficar cada vez mais escassa, exemplo dos paises desenvolvidos. No futuro como todo o setor que os governos subsidiam é ficar sem o desenvolvimento de tecnologia pois a meta é gerar ocupação para estas pessoas sem uma profissão, deixando o mercado de reciclagem parado no tempo, isso pode ocasionar uma disparidade entre a o resíduo gerado e o resíduo tratado.

Acompanhei vários anos as cooperativas em São Paulo, equipamentos parados (investimento jogado no lixo), a separação é feita sem conhecimento dos materiais (principalmente plásticos), comércio dos materiais feitos sem acompanhamento fiscal (desvio de verba, e de impostos), transporte mal utilizado (sem nenhuma logística, utilização para outros fins).
A visão do nosso presidente não é a de um empreendedor, e um pais é a imagem dos seus empreendedores que geram empregos e tecnologia e não um pais que gera somente mão de obra.

Flavio Cesar – Plásticos Zito
Penso que a Reciclagem no Brasil e no Mundo não só pode como deverá ser gerida por profissionais como acontece em todo resto da cadeia produtiva do País. Para se ter um bom produto reciclado é necessário tanto ou mais tecnologia até do que para fazer uma matéria prima virgem.

Hoje a maior parte do material reciclado no Brasil é produto do trabalho intenso aliado a uma criatividade magnífica das pessoas envolvidas.

Em poucos anos, penso eu, a Reciclagem precisa se tornar o setor mais competente da cadeia produtiva do mundo, não só porque emprega muitas pessoas mas também porque racionaliza de forma expressiva o uso dos materiais evitando esgotamento das fontes e por fim a palavra é SUSTENTABILIDADE.

Quanto a mão de obra das pessoas, é perfeitamente possível atribuir aos Sindicatos a responsabilidade de garantir aos trabalhadores condições dignas de trabalho e remuneração como acontece em todos setores da economia, a Reciclagem portanto pode e deve ser visto como Negócio Economicamente Sustentável e não como uma disfarçada “caridade” que as vezes tenta-se apregoar através das cooperativas que em muitos casos só acabam em desentendimentos e os trabalhadores que colocam a mão na massa ficam a mercê de gestores de competência e conduta questionáveis.

É importante que se tenha em mente e exponha para sociedade todo ciclo da reciclagem, pois tenho impressão que a sociedade ainda não tem uma visão clara sobre o que acontece desde o descarte de um reciclável até ele voltar a fazer parte da vida do cidadão quando ele utiliza um saco de lixo feito de plásticos reciclados, quando compra um pára-choque para seu carro, um simples pedal de bicicleta ou até mesmo uma peça de alta precisão em seu aparelho eletrônico.

É igualmente importante lembrar que com o parque fabril de reciclagem que o Brasil dispõe ainda não consegue oferecer materiais reciclados com preços competitivos, faz-se necessário um investimento maciço em atualização do parque e principalmente, uma adequação tributária para viabilizar o setor definitivamente e abrir condições de grandes investimentos no setor.

Ano da Publicação: 2009
Fonte: http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=896
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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