Como montar uma empresa de reciclagem de pneus?

Depois que o norte-americano Charles Goodyear descobriu, no século XIX, o processo de vulcanização, deixando cair borracha e enxofre casualmente no fogão, a demanda por esse produto se multiplicou no mundo. Mais tarde, a Alemanha começou a industrializar borracha sintética a partir do petróleo.
A borracha vulcanizada, mais resistente que a borracha natural, não se degrada facilmente e, quando queimada a céu aberto, contamina o meio ambiente com carbono, enxofre e outros poluentes. Os pneus abandonados não são apenas um problema ambiental, mas também de saúde pública, pois acumulam água das chuvas, formando ambientes propícios à disseminação de doenças como a dengue e a febre amarela.
Para deter o avanço desse lixo, é preciso reciclar. No entanto, a reciclagem dos pneus chamados inservíveis – sem condições de rodagem ou de reforma – ainda é um desafio.

MERCADO
No Brasil, 100 milhões de pneus velhos estão espalhados em aterros, terrenos baldios, rios e lagos, segundo estimativa da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). E, a cada ano, dezenas de milhões de pneus novos são fabricados no País.
No Brasil, menos de 10% dos artefatos de borracha são reciclados, segundo o Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), e não há estatística sobre as taxas referentes à reciclagem de pneus. Por outro lado, os brasileiros são campeões em reciclagem de latas de alumínio: em 2000, 78% das latas consumidas no País foram recicladas, ou seja, 102,8 mil toneladas. De acordo com a Abal (Associação Brasileira de Alumínio), o Brasil está em segundo lugar no ranking mundial, atrás somente do Japão.

LOCALIZAÇÃO
A indústria deverá ser implantada é um local de fácil acesso, de preferência próximo a matéria-prima.

ESTRUTURA
A estrutura básica deve contar com uma área que abrigará um galpão que será dividido em quatro áreas: galpão indústrial, escritório, vestiários e os sanitários.

EQUIPAMENTOS
Este tipo de atividade requer o uso de alguns equipamentos específicos, tais como:
– Trituradores;
– Autoclaves;
– Peneiras, etc.
É válido lembrar, que a necessidade de se adquirir os mobiliários e os equipamentos que irão ser utilizados no escritório (computadores, fax, mesas, cadeiras, etc.).

INVESTIMENTO
Irá variar de acordo com a estrutura do empreendimento.

PESSOAL
A mão-de-obra básica deve contar com: gerente (empreendedor), secretária, auxiliar administrativo, responsável de produção, operários e motorista.

MATÉRIA-PRIMA
Pneus com meia vida ou carcaças passíveis de recauchutagem têm valor positivo. Pneus não passíveis de recuperação têm valor negativo, normalmente pagam-se às empresas de limpeza urbana para o recebimento do material.

OS PNEUS
A maior parte dos pneus, hoje, é feita de 10% de borracha natural, 30% de borracha sintética (petróleo) e 60% de aço e tecidos. Utilizam-se ainda materiais argilo-minerais e negro-de-fumo (carvão), com objetivo de se obter um material mecanicamente resistente, responsável pela coloração negra dos pneus.

COMPOSIÇÃO DOS PNEUS
Os pneus são constituídos da (o):
– 1. Banda de Rodagem: É a parte do pneu que entra diretamente em contato com o solo. Oferece grande resistência ao desgaste devido à sua composição de borracha e agentes químicos especiais. Seus desenhos, criteriosamente estudados, visam a proporcionar boa tração, estabilidade e segurança ao veículo;
– 2. Cinturas: Cinturões de aço (cinta circunferencial e inextensível) dos pneus radiais com função de estabilizar a carcaça;
– 3. Carcaça de Lonas: Composta de cordonéis de nylon ou poliéster, formando a parte resistente do pneu. Sua função é reter o ar sob pressão, que suporta o peso total do veículo;
– 4. Talões: São constituídos internamente por arames de aço de grande resistência. Sua finalidade é manter o pneu acoplado firmemente ao aro, impedindo-o de ter movimentos independentes;
– 5. Flancos: São constituídos de um composto de borracha de alto grau de flexibilidade, com o objetivo de proteger a carcaça contra os agentes externos.

ONDE É USADO
Esse material reciclado é usado nas indústrias que produzem tapetes de automóveis, solados de sapatos, pisos industriais e borracha de vedação entre outros. O pó gerado na recauchutagem e os restos moídos podem ser aplicados na composição de asfalto com maior elasticidade e durabilidade. Outras aplicações seriam a utilização de pneus como combustível substituindo o petróleo – cada pneu contém a energia de 9,4L de petróleo.
OBS: Ainda não se conseguiu reciclar um pneu velho e produzir um novo, pois a borracha perde suas propriedades e não consegue ter as propriedades mecânicas necessárias para a fabricação de um pneu novo.

PROCESSO
O processo segue os seguintes passos:
– 1. CORTE/TRITURAÇÃO. O pneu velho é cortado em lascas e transformado em pó de borracha, purificado por um sistema de peneiras. O pó é moído até atingir a granulação desejada e, em seguida, passa por um tratamento químico para possibilitar a desvulcanização da borracha;
– 2. DESVULCANILIZAÇÃO. Em autoclaves giratórios, o material recebe calor, oxigênio e forte pressão, que provocam o rompimento de sua cadeia molecular. Assim, a borracha é passível de novas formulações, geralmente são usados como desvulcanizantes, óleos minerais (como vaselina);
Após a desvulcanização, a borracha fica com consistência mole , a pasta resultante deste processo, poderá ser usada na produção dos mais diversos produtos, tais como: tapetes de automóveis, solado de sapato, pisos industriais e borrachas de vedação, e mais recentemente, aplicada na composição de asfalto de maior elasticidade e durabilidade.
No Brasil já há tecnologia em escala industrial que regenera borracha por processo a frio, obtendo um produto reciclado com elasticidade e resistência semelhantes ao do material virgem. Além disso, essa técnica usa solventes capazes de separar o tecido e o aço dos pneus, permitindo seu reaproveitamento.

LEMBRETE IMPORTANTE
O uso de borracha de pneu não será a solução definitiva para o problema da disposição ambiental deste resíduo mas vai amenizá-lo.

Legislação Específica
Torna-se necessário tomar algumas providências, para a abertura do empreendimento, tais como:
– Registro na Junta Comercial;
– Registro na Secretária da Receita Federal;
– Registro na Secretária da Fazenda;
– Registro na Prefeitura do Município;
– Registro no INSS;(Somente quando não tem o CNPJ – Pessoa autônoma – Receita Federal)
– Registro no Sindicato Patronal;

O novo empresário deve procurar a prefeitura da cidade onde pretende montar seu empreendimento para obter informações quanto às instalações físicas da empresa (com relação a localização), e também o Alvará de Funcionamento.
Além disso, deve consultar o PROCON para adequar seus produtos às especificações do Código de Defesa do Consumidor (LEI Nº 8.078 DE 11.09.1990).
Entidades
MMA – Ministério do Meio Ambiente – CONAMA
Esplanada dos ministérios – Bl-B – 5º a 9º andar – Brasília – (DF)
70068-900
Tel. (61) 317 1433 / 317 1392

Ano da Publicação: 2011
Fonte: http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1057
Link/URL: http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1057
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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