A casa pode ser toda feita com material reciclado em apenas três dias. Basta a madeira plástica para os arquitetos Glória Brandão e Othon de Castro, junto a uma equipe de especialistas, erguerem paredes, construírem teto e piso. A Stephouse, projeto finalista do International Design Excellence Awards (IDEA/Brasil), que acontece em setembro nos Estados Unidos, a partir do conceito de casa ecoeficiente, inclui em sua composição materiais reciclados, sistemas de ventilação natural, captação de água da chuva e equipamentos de reuso de água, energia e aquecimento solar. Ou seja, características que reforçam o seu papel coadjuvante no equilíbrio do meio ambiente. A casa possui um sistema construtivo pré-fabricado que permite a fácil instalação e manutenção do produto.
– Queríamos trabalhar com um material de rápida montagem e transporte. Após inúmeras pesquisas chegamos à “madeira plástica”, um material proveniente de resíduos industriais (borracha, EVA, silicone, tecidos etc.), cargas minerais (calcitas, gesso, carbonato de cálcio e outros), fibras animais (resíduos de couro e pelos) e fibras vegetais de qualquer natureza. Com uma produção sem resíduos, essa madeira não empena, não racha, não solta farpas, não absorve ou retém umidade (é totalmente impermeável), dispensa a aplicação de resinas seladoras e vernizes, é resistente à corrosão natural ou química. Pode ser cortada, aparafusada, pregada, fixada com encaixe, colada com cola, sendo totalmente imune a pragas além de poder ser lavada com água e sabão – diz Glória Brandão.
O projeto de residência unifamiliar inclui quarto, sala e banheiro em uma total de 72m² de área. Na parte dos fundos fica o shaft com parte de instalações para facilitar a visita técnica. O material da construção pode ser transportado num container e a obra pode ser toda feita em apenas três dias contando com uma equipe de 10 pessoas. A montagem é fácil e não requer nenhum nível técnico. O preço do metro quadrado construído custa, no Rio de Janeiro, em média R$ 2700.
A madeira plástica tem uma durabilidade maior do que a natural devido aos seus componentes que a tornam mais resistentes às intempéries e ao cupim. Segundo Glória Brandão, a casa ecoeficiente pode ter uma vida útil de 30 a 40 anos. A construção da casa, diz, exige uma equipe especializada, que saiba ler plantas de arquitetura. De acordo com o clima da região em que for construída a casa ecoeficiente, pode ser necessária a mudança de inclinação da cobertura que apoia painéis fotovoltaticos para captação adequada de energia solar.
– Com a utilização de materiais recicláveis o custo da construção pode se tornar mais econômico e acessível e com um importante papel para a sociedade e o meio ambiente. A reciclagem pode auxiliar na produção de materiais mais baratos, colaborando na redução do custo das habitações, um dos mais caros e inacessíveis bens produzidos – explica Glória.
Projeto da Stephouse teve início na UFRJ
A história da Stephouse começou em 2008, quando a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) recebeu um convite para participar do SDEurope – Solar Decathlon Europe 2010, evento sediado em Madrid, na Espanha. Na época, Glória Brandão era aluna do curso de especialização em Engenharia Urbana da Escola Politécnica e foi convidada por um de seus professores para montar uma equipe de arquitetos e fazer o projeto de uma casa ecoeficiente para representar a POLI-UFRJ no evento. O projeto foi elaborado em um mês por Glória e seu sócio, Othon de Castro, com a participação dos arquitetos Leonardo Lopes, Lígia Tammela e Daniel Gomes.
Fonte: Ystatille Gondim (O Globo)
Ano da Publicação: | 2009 |
Fonte: | http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00909/0090909projeto.htm |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |