O natal é mesmo uma época mágica, uma festa que empolga as pessoas e contamina os ânimos. É difícil ficar imune aos apelos comerciais da festa, à troca de presentes, às luzes e decorações especiais que nos convidam para consumir todo tipo de produto. Como o natal é o nascimento de Jesus, a comemoração inspira-nos à confraternização, ao desejo de felicidade, votos de alegria e, aproveitando isso, é um ótimo momento de reflexão sobre meio ambiente.
Somos incitados ao consumo de tudo: fartura de comidas e bebidas, enfeites natalinos, roupas especiais para a festa, decoração da casa, árvores iluminadas, viagens, festas, eventos e principalmente presentes, milhões e milhões de presentes. E tome toneladas de papel para embrulhar os presentes, quilômetros de fitas e uma infinidade absurda de sacolas de todos os tipos e formatos.
Não é por acaso que o comércio considera o natal como a melhor época de vendas, superando todas as outras datas e irrigando a economia graças ao décimo terceiro salário e gratificações. A verdade é que consumimos muito mais no natal, muito mesmo, tanto que muitas vezes nem conseguimos calcular a real necessidade deste consumo e suas conseqüências.
É evidente que este texto não tem a pretensão de criticar nossos hábitos nem prejudicar a economia. A festa natalina tem sim este apelo comercial e a proposta é apenas repensar nosso consumo, criar novas perspectivas sobre os próximos natais e mostrar o paralelo entre consumo consciente e preservação ambiental.
Tudo que consumimos sai, direta ou indiretamente, da natureza. Todos os produtos e serviços que utilizamos tem ligação com a capacidade ambiental disponível em fornecer matéria prima e absorver nosso lixo. É um ciclo: extraímos minério, madeira e petróleo, fabricamos produtos que são consumidos e geramos lixo que infelizmente, volta para a natureza.
No meio desse ciclo provocamos poluição, contaminação, assoreamento, desperdício, desmatamento, destruição dos recursos naturais, exploração desordenada das riquezas minerais e vegetais, trabalho escravo, doenças, desigualdade social e toda sorte de mazelas.
Claro que somos capazes também de produzir tecnologia, riqueza, emprego, renda, remédios, alimentos, conforto, qualidade de vida e tantos outros benefícios. O problema é o saldo entre os benefícios e malefícios que, atualmente, mostra-se insustentável. Segundo o Relatório Planeta Vivo do WWF, se cada habitante da Terra tivesse o mesmo padrão de consumo dos cidadãos norte-americanos, precisaríamos de mais de cinco planetas para produzir tanta matéria prima. Já imaginou o que isso significa?
Que tal aproveitarmos o natal para fazer este balanço em nossas vidas, tentando enxergar como anda nosso consumo? Identificar as reais necessidades e as simples vontades, buscando diferenciar o que realmente precisamos do que somente desejamos, lembrando de tudo que compramos neste natal e o quanto geramos de lixo e, finalmente, refletindo sobre como queremos os próximos natais neste nosso planeta.
Sem querer estragar a festa, podemos sim adotar hábitos mais sustentáveis de consumo, abdicando de supérfluos e valorizando a verdadeira mensagem do natal, aquela que ultrapassa o valor monetário e assegura o valor humano. Feliz ano novo para todos e para o planeta.
Autor: Eugênio Müller
Ano da Publicação: | 2011 |
Fonte: | http://www.vivaitabira.com.br/viva-colunas/index.php?IdColuna=165 |
Link/URL: | http://www.vivaitabira.com.br/viva-colunas/index.php?IdColuna=165 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |