Cooperativas. Uma nova porta se abre no mercado de trabalho para as comunidades carentes. Trata-se de uma alternativa ao desemprego que está ajudando a promover a justiça social no nosso país. Segundo dados da OCB, Organização das Cooperativas Brasileiras, há 7.355 associações espalhadas pelo país, criando mais de 182 mil empregos em várias áreas, do setor agropecuário ao turismo, educação, saúde, consumo, habitação e esporte, entre muitas outras. São cerca de 6 milhões de cooperados envolvidos numa cultura de geração de renda compartilhada.
Para ter uma noção da importância das cooperativas na economia nacional, apenas no ramo agropecuário no Estado de São Paulo, no ano passado, foram movimentados mais de R$ 7,5 bilhões. Nos últimos dez anos, o cooperativismo ajudou a atenuar o déficit de mais de 1 milhão de moradias no nosso Estado, construindo mais de 80 mil unidades.
A primeira vantagem de uma cooperativa é acabar com a grande quantidade de intermediários que atuam no mercado. As pessoas logo aprendem a essência de um velho ditado: a união faz a força. Estamos, felizmente, saindo de um momento histórico marcado por uma certa tendência ao individualismo. E as cooperativas são um caminho de organização e solidariedade. Difundem valores como transparência ética, voluntariado, honestidade, igualdade, responsabilidade e justiça social. Abrem possibilidades concretas de sobrevivência para as comunidades carentes.
Segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional, que reúne associações de vários países, há mais de 800 milhões de pessoas envolvidas em cooperativismo em todo o mundo, gerando mais de 100 milhões de postos de trabalho. A história recente nos ensina que foram justamente as ações solidárias e a cultura do cooperativismo que conseguiram fazer renascer das cinzas a economia de tantos países arrasados por guerras e conflitos internacionais. Dados indicam que os chamados cooperados têm uma tendência a ganhar 30% a mais do que ganhariam no mercado se não estivessem reunidos em associações. Mais: a contratação de cooperativas representa uma volumosa economia nos gastos das grandes empresas.
Do ponto de vista histórico, o cooperativismo surgiu no ano de 1844, no bairro de Rochdale, em Manchester, Inglaterra. Um grupo de tecelões, insatisfeito com a exploração que sofria por parte de intermediários no comércio local, decidiu criar uma associação para comercializarem eles mesmos o que produziam. Eles começaram, então, a colocar em prática várias ações para melhorar a vida de todos, como ajuda na compra de casas próprias e abertura de crédito para trabalhadores com problemas financeiros. Nascia assim a primeira cooperativa de que se tem notícia, oficialmente instituída.
No Brasil, os imigrantes italianos foram muito importantes na consolidação da cultura do cooperativismo.
A Itália é um país com várias pequenas empresas familiares, principalmente na área rural, o que favorece a mobilização de todos em torno de ideais solidários. As cooperativas foram inicialmente criadas para alojar pessoas sem abrigo e acabaram investindo na criação de programas de inserção profissional. Atualmente são cerca de 2.000 cooperativas sociais, atuando em todo o território italiano, movimentando 13% do orçamento nacional destinado a atividades voltadas para deficientes, idosos, adultos desfavorecidos e jovens em dificuldade.
Uma pessoa sozinha dificilmente consegue ter voz no mundo globalizado em que vivemos. Mas tudo é muito diferente quando as pessoas se reúnem em grupos organizados em torno de interesses comuns, em que todos podem expor os seus pontos de vista, como manda a verdadeira democracia. Em cooperativas, as pessoas adquirem poder de inserção social. Conquistam meios de sobrevivência. Difundem o espírito do cooperativismo. Promovem a melhoria de vida das comunidades, criando redes de proteção social. Se um pequeno agricultor, por exemplo, perder toda a colheita numa determinad
Ano da Publicação: | 2004 |
Fonte: | www.reciclaveis .com.br |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |