CORRENTES DE PNEUS VELHOS REFORÇA A CONSTRUÇÃO DE ATERROS

O engenheiro Cláudio José Madureira encontrou uma boa utilização para parte dos milhões de pneus descartados anualmente no país: aproveitá-los na construção de aterros. Após um ano de pesquisa e ensaios práticos, ele constatou que pneus amarrados com fitas de poliéster apresentam resistência semelhante aos produtos geossintéticos amplamente empregados em obras e reforço de solos.

A pesquisa, desenvolvida para a tese “O uso de pneus descartados em aterros reforçados”, defendida na Escola Politécnica da USP – Universidade de São Paulo, comprovou que o pneu radial é uma excelente e barata matéria prima para a construção de aterros sem comprometer a qualidade e o tempo de execução da obra. “Procurei estabelecer processos construtivos que reduzissem o tempo de execução de aterros reforçados com pneus, uma vez que este era um dos principais impedimentos à sua utilização em obras de grande porte, disse Madureira. Com auxílio da companhia de cimento Itambé, próxima a Curitiba, Madureira estudou durante um ano os eslocamentos, as deformações e a estabilidade dos pneus em três aterros, com dez metros de altura cada, construídos na jazida de calcário da empresa, que forneceu o material, o cimento e os equipamentos de erraplanagem. “Trabalhando em escala real pudemos utilizar as cargas reais que são esperadas em obras de construção de

aterros”, explicou o engenheiro.

Para fazer a amarração dos pneus, Madureira testou e comparou diversos materiais até chegar às fitas de poliéster, empregadas comercialmente na amarração de embalagens.

Segundo ele, o material apresentou melhor desempenho por ser resistente, leve e prático. “As deformações medidas foram insignificantes e demonstrou a eficiência dos reforços de pneus na estabilização dos aterros”.

De acordo com o engenheiro, os ensaios de resistência e de deslocamento mostraram que os reforços de pneus são ideais para a sustentação de aterros em encontros de pontes e terraços e na proteção de taludes de córregos urbanos e de edificações erguidas no pé de encostas. A corrente de pneus também serve como barragem para o controle de erosões e vossorocas.

A carcaça de pneu é uma matéria-prima abundante no país. Segundo estimativas oficiais, a cada ano cerca de 30 milhões de pneus velhos são descartados e como apenas uma pequena parcela desse montante é reciclada, o estoque de pneus abandonados em todo o país é

superior a 100 milhões de carcaças. Os pneus velhos são um dos grandes fatores da poluição do meio ambiente e uma preocupação para a saúde pública, pois podem se transformar em criadouros para o mosquito da dengue.

A pesquisa de Madureira foi concluída com sucesso, mas o emprego de pneus em obras de terraplanagem ainda encontra resistência no país por parte de órgãos ambientais, que temem a contaminação do lençol freático pelos resíduos resultantes da percolação (filtragem) da ua na borracha dos pneus. O engenheiro acredita que essa é uma

preocupação não tem fundamento e garante que estudos desenvolvidos no Canadá apontaram que a liberação de resíduos nesse processo é insignificante.

Ano da Publicação: 2003
Fonte: Agência Brasil
Autor: Paulo Jardim
Email do Autor: Paulo_Roberto_Nagib_Jardim/COMLURB.COMLURB@pcrj.rj.gov.br

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