De alguns anos para cá, temos lido e ouvido cada vez com mais frequência a expressão “Desenvolvimento Sustentável”. E ela está, de maneira geral, associada aos assuntos da preservação do meio ambiente, exploração racional dos recursos naturais, energias de fontes “limpas”, edificações “verdes”, etc. Mas, o que é, afinal, “Desenvolvimento Sustentável”?
De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “Sustentável” é um adjetivo que significa aquilo “que se pode sustentar, capaz de se manter mais ou menos constante, ou estável, por longo período”. O conceito de Desenvolvimento Sustentável tem evoluído junto às preocupações com a exploração excessiva do meio ambiente pelo homem, desde a década de 1970, quando, a partir da crise do petróleo a preocupação com o meio ambiente começou a tomar força e o homem começou a perceber que o crescimento econômico e mundial era limitado pela disponibilidade dos recursos naturais.
Foi em 1972 que surgiu, pela primeira vez, o conceito de Desenvolvimento Sustentável com o nome de “Ecodesenvolvimento”, para ser
uma resposta à polarização do chamado Clube de Roma, fundado em 1968 por um grupo de economistas, industriais, banqueiros, chefes-de-estado, líderes políticos e cientistas de vários países para analisar a situação mundial e apresentar previsões e soluções para o futuro. As discussões foram protagonizadas por dois grupos partidários com visões divergentes sobre a relação entre desenvolvimento econômico e meio ambiente. De um lado, os “possibilistas culturais” defendiam que os limites ambientais ao crescimento econômico eram relativos e que capacidade inventiva do homem seria capaz de transpor tais limites. De outro lado, para os “deterministas geográficos” os limites ambientais representavam limites absolutos ao crescimento econômico, sendo que a humanidade estaria caminhando para uma catástrofe se mantidos os níveis de extração de recursos naturais e da utilização da capacidade de assimilação do meio (poluição). Diante das divergências sobre as relações entre crescimento econômico e meio ambiente, o conceito de “Ecodesenvolvimento” surge buscando ser uma abordagem conciliadora.
Na década de 1980 o conceito de Ecodesenvolvimento foi expandido, abrangendo também a poluição pela geração de resíduos, em função da crescente degradação ambiental, sendo resultado principalmente do descontrolado crescimento populacional e suas consequentes exigências sobre os recursos da terra. Em 1982, a ONU criou a “Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento”, também conhecida como “Comissão Brundtland” em homenagem à sua presidente, a primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Os objetivos eram os de analisar questões relativas à degradação do meio ambiente, propor novas formas de cooperação e dar a indivíduos, organizações, empresas, institutos e governos uma compreensão maior desses problemas, incentivando-os a uma atuação mais efetiva. Em 1987, a Comissão Bruntland divulgou o relatório conhecido como “Nosso Futuro Comum”, no qual propõe que “Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de
as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.
Na década de 1990, a preocupação com o meio ambiente foi direcionada para a emissão de CO2 e outros gases poluentes liberados na
atmosfera a partir dos evidentes impactos causados, como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio. Nos anos 2000, a preocupação com o aquecimento global somou-se às anteriores e surgiu a preocupação com o impacto causado pelas edificações, fazendo surgir termos como edifícios sustentáveis, eco-housing, symbiotic housing.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi elaborado tendo como característica a generalização. Como tal, procura abranger todas as atividades humanas que transformam o ambiente, visando poder ser aplicado pelos mais diversos ramos de atividades, independentemente de lugar ou época. Nosso estilo de vida têm um significante impacto ao meio ambiente. Para equilibrar e reduzir essa tendência, existe hoje um interesse crescente no consumo consciente, reciclagem, neutralização do carbono, energia zero e casas carbono-positivas. É necessário que a modificação da cultura do descaso com o meio ambiente tenha início a partir do nosso espaço particular. Somente essa postura viabilizará iniciativas no sentido de minimizar os impactos por nós produzidos e a busca por recuperar os danos já causados. A mudança no comportamento de cada indivíduo: cada um fazendo a parte que lhe cabe para que as ações no coletivo se reforcem e produzam resultados eficazes.
Carlos Frederico Rieck Zander é Arquiteto e Urbanista, especialista em gestão de obras com ênfase em edificações, pesquisador do uso da engenharia simultânea para a promoção da sustentabilidade nas edificações, auditor interno / controlador de obras LEED – Leadership in Energy and Environmental Design.
Ano da Publicação: | 2012 |
Fonte: | Setor Reciclagem |
Link/URL: | http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1320 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |