Descarte eficiente

Conforme uma pequena ou média empresa prospera, máquinas se tornam obsoletas, móveis ficam velhos e muitos outros objetos perdem a utilidade. Veja sete jeitos de dar um destino inteligente àquilo que não serve mais

Cecília Abbatti
Revista Exame PME – 10/2009

A prosperidade de uma empresa pode ser medida por indicadores como crescimento das vendas, aumento de participação no mercado e número de novos clientes conquistados. Mas outra característica dos negócios bem-sucedidos às vezes também se materializa no acúmulo de tudo que vai perdendo utilidade numa trajetória de expansão – móveis que precisam ser trocados, computadores obsoletos ou máquinas que não servem mais. “Inutilidades se acumulam em empresas de qualquer tamanho”, diz Juliano Graff, sócio do fundo Master Minds, de Campinas, em São Paulo, que investe em empresas emergentes. “Mas vejo que muitas vezes os empreendedores não dão um destino inteligente a esse patrimônio.”

Quem já lidou com esse tipo de problema sabe que se livrar do que já não serve envolve buscar respostas para uma série de questões. Dá para ganhar dinheiro com a venda do que não se usa mais ou o valor de mercado nem compensa o esforço? Como encontrar o comprador certo? É possível ter vantagens fiscais ao doar coisas velhas? O que dá para reaproveitar? Veja alternativas já testadas por pequenas e médias empresas.

1. VENDER PARA OS FUNCIONÁRIOS
Às vezes, os objetos que se tornaram inúteis para a empresa podem ter algum valor para os funcionários. O mineiro Luciano Borba, de 56 anos, descobriu isso há aproximadamente dois anos, quando precisou substituir um computador de sua empresa, a RBC Editoração Eletrônica, de Ouro Preto, em Minas Gerais. Como Borba sabia que sua secretária queria comprar um computador, ele ofereceu a ela o equipamento antigo a um preço mais baixo que o de mercado. “Quando os outros funcionários souberam, eles também quiseram fazer propostas pelo equipamento”, diz Borba. Desde então, funciona uma espécie de leilão interno. Sempre que algo vai ser substituído nos escritórios da RBC, os funcionários interessados têm um prazo para enviar por escrito uma proposta. Quando nenhum deles oferece um valor acima de determinado limite, o objeto é doado a uma instituição beneficente escolhida pelos funcionários. O engenheiro de computação Gustavo Grossi e o trainee de publicidade Júlio César Silva, por exemplo, não conseguiram arrematar nenhum equipamento até agora, mas já ajudaram a decidir quais instituições receberiam os móveis e computadores para os quais os lances foram muito baixos.
O que pode ser vendido: Computadores, câmeras, móveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos.
Vantagem: Os funcionários retiram os objetos, eliminando o custo de transporte.
Como proceder: É preciso deixar claras as condições de garantia – se a empresa não se responsabiliza por defeitos ou se presta assistência técnica por algum tempo.

2. REAPROVEITAR PARTE DOS EQUIPAMENTOS
Impressoras e computadores que, às vezes, não funcionam mais podem ser fonte de peças para a manutenção de máquinas semelhantes que continuam em operação. “Nas outras empresas em que trabalhei, vi muitos computadores ir para o lixo com peças que poderiam ser reaproveitadas”, diz Cristian Gallegos, de 34 anos, sócio da Tecla Internet. Quando, no final de 2007, ele assumiu a direção da Tecla, empresa de São Paulo que hospeda sites, encontrou nos equipamentos usados uma forma de poupar recursos. Hoje, sempre que um computador precisa ser trocado, os técnicos da Tecla retiram peças como memórias e discos rígidos.

“As peças usadas substituem partes defeituosas de outros computadores”, diz Gallegos.
O que pode ser reaproveitado: Peças de máquinas e de computadores.
Vantagem: A empresa economiza recursos que seriam gastos com peças novas. “De cada computador fora de operação podem ser retiradas partes que, no mercado, custariam entre 300 e 2 500 reais”, diz Gallegos.
Como proceder: É preciso calcular o custo da mão de obra para a retirada de peças dos micros velhos — em certos casos, pode não compensar, principalmente se os técnicos forem terceirizados.

3. NEGOCIAR PELA INTERNET
Sites de classificados pela internet — como Mercado Livre e QueBarato! — são uma alternativa para pequenas e médias empresas que buscam compradores para coisas usadas. Esses sites cobram uma comissão sobre o valor de venda, que pode variar de acordo com o tipo de produto que está sendo negociado. “Os classificados na internet tornam esse tipo de negociação muito mais rápida e segura do que se fôssemos atrás de compradores por nossa própria conta”, diz o empreendedor Sérgio Albuquerque, de 40 anos, sócio da 3DGarage, empresa de São Paulo que desenvolve projetos para a internet.
O que pode ser negociado: Objetos de pequeno valor e amplamente utilizados no mercado, como celulares e outros eletrônicos portáteis.
Vantagem ao usar: as opções de pagamento dos sites para receber pela venda, a empresa diminui o risco de tomar calote dos compradores.
Como proceder: “Sempre faço uma pesquisa nesses sites para ver quanto estão cobrando por algo semelhante ao que quero vender”, diz Albuquerque. “Isso evita que os artigos usados fiquem encalhados. Se a venda não acontecer, é preciso pagar uma taxa de qualquer forma.”

4. REUNIR LOTES COM VÁRIOS OBJETOS E LEILOAR
Até pouco tempo atrás, leilões de mercadorias sem uso eram praticamente uma exclusividade de grandes corporações. Mas recentemente surgiram empresas que permitem aos donos de pequenos negócios reunirem-se para formar lotes de equipamentos e coisas usadas que possam ser vendidos nos pregões. Uma delas é a Superbid, de São Paulo. Há dois anos, a Superbid criou um departamento para leiloar lotes de mercadorias sem uso em pequenas e médias empresas. A cada 15 dias acontecem leilões de abrangência nacional, nos quais um grupo de vendedores reúne cerca de dez empresas. Um dos usuários do serviço é o paranaense Mark Parnes, de 36 anos, dono da Curitiba Tratores Rental, que aluga máquinas de grande porte usadas em construções. “Participo desses leilões sempre que preciso vender um equipamento que já não me serve mais”, diz Parnes.
O que pode ser leiloado: Itens que compensem a taxa cobrada para divulgar os leilões — em torno de 500 reais por pregão.
Vantagem: Os leilões costumam ser uma alternativa mais rápida para vender equipamentos relativamente caros. “Ficar com escavadeiras, tratores e outros equipamentos de grande porte parados é prejuízo certo, já que o dinheiro aplicado neles poderia render mais em outro investimento”, afirma Parnes.
Como proceder: Quanto menos interessados, maior o risco de que a mercadoria seja arrematada por um valor de venda próximo do lance mínimo.
Por isso, o leiloeiro deve ser escolhido de acordo com seu poder de divulgação em determinados públicos.

5. REFORMAR PARA NÃO PRECISAR COMPRAR
É comum que pequenas e médias empresas precisem de tempos em tempos refazer o layout de seus escritórios e instalações, o que exige adequar os móveis e as divisórias ao novo espaço. Nem sempre é preciso comprar tudo novo — reformar a mobília pode ser uma alternativa para economizar e evita o problema de encontrar um destino para mesas, cadeiras e divisórias usadas.
O que pode ser reformado: Móveis, divisórias, cortinas, persianas.
Vantagem: “O custo de reformar o mobiliário antigo é de 30% a 80% menor do que o valor dos móveis novos”, diz Clara Barreiros, de 54 anos, proprietária da UP Soluções Corporativas, especializada em reformar e restaurar móveis para empresas.
Como proceder: É preciso calcular quanto tempo a recuperação das peças vai levar, para saber como a empresa vai funcionar sem aquele recurso durante esse período. Se a reforma for feita fora da empresa, o transporte pode encarecer um bocado todo o serviço. E, se for feito dentro de casa, pode atrapalhar os funcionários.

6. DOAR A QUEM PRECISA
Em alguns casos, compensa mais doar bens que já não têm utilidade do que tentar negociá-los de algum modo. Há grandes associações que fazem algum trabalho específico, como assistência a cegos e crianças carentes. Além disso, é quase certo que perto da empresa exista alguma escola pública, conjunto habitacional ou microempresa que se interesse em buscar a doação.
O que pode ser doado: Máquinas, equipamentos e móveis, entre diversos outros itens. Muitas dessas associações aceitam qualquer coisa — talheres, uniformes, livros — para montar bazares que arrecadam fundos.
Vantagem: O valor dos objetos doados a entidades sem fins lucrativos, projetos culturais e de apoio à criança e ao adolescente pode ser abatido do imposto de renda.
Como proceder: É preciso emitir nota fiscal das doações e, dependendo da legislação de cada estado, recolher o ICMS. Para as empresas isentas de impostos estaduais, basta redigir um documento com a relação dos bens doados ou emitir nota fiscal avulsa e manter esse registro arquivado.

7. FAZER PERMUTAS COM OUTRAS EMPRESAS
Pequenas e médias empresas podem usar redes de permuta para trocar objetos com outra empresa. Essas redes — como Tradaq, Permute e ProRede — organizam as trocas e recebem comissão pelo serviço.
O que pode ser permutado: Móveis, computadores, máquinas e equipamentos.
Vantagem: As permutas são uma forma de achar equipamentos usados em bom estado sem ter de desembolsar por eles.
Como proceder: Ao assinar um contrato de permuta, é importante tomar os mesmos cuidados da venda e compra tradicional, especificando os bens envolvidos na troca, o local de entrega e a responsabilidade de cada parte pelo frete e pelo seguro.

VEJA TAMBÉM:
Lista de sites de empresas que aceitam doações

Ano da Publicação: 2010
Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/descarte-eficiente-destino-inteligente-objetos-sem-utilidade-510251.shtml
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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