Disputa por reciclagem de papel já virou "guerra" na Alemanha

Devido à crescente demanda por papel reciclado, o preço elevado do papel usado faz com que companhias municipais de limpeza pública e empresas privadas travem uma verdadeira batalha nos tribunais e nas calçadas alemãs.



Há poucos anos, na Alemanha, empresas de reprocessamento de papel usado recebiam o produto quase de graça. Hoje, as mesmas chegam a pagar até 100 euros pela tonelada das aparas de papel.



Desde que a coleta de papel velho se tornou um negócio bastante lucrativo no país, tribunais e calçadas alemãs têm presenciado acirradas disputas entre prefeituras e empresas privadas de recolhimento de papel não-funcional. A imprensa alemã comenta tal disputa como a "guerra do papel reciclado".



Desde 2006, a Alemanha se tornou importador de papel reciclado. Em 2007, o país consumiu 15,75 milhões de toneladas. A elevação do preço da energia fez do papel reciclado um produto bastante atraente: sua produção demanda somente metade do consumo energético da produção do papel comum.



Concorrência crescente de empresas privadas



Em 2007, segundo a Federação das Fábricas Alemãs de Papel, o consumo mundial do produto girou em torno de 320 milhões de toneladas. Espera-se que, em 2015, esta cifra se eleve para 440 milhões de toneladas.



Hoje, mais da metade do papel consumido mundialmente provém de matéria-prima secundária, explica a federação. Estados Unidos, China, Japão e Alemanha são os maiores consumidores de papel reciclado.



A disputa pelo papel velho se justifica então não somente devido ao alto preço da energia, mas também porque a "Ásia, principalmente a China e a Índia, deseja ardentemente o produto", explica Rainer Cosson, diretor da Federação Alemã das Empresas de Gestão de Dejetos. A China importa hoje mais da metade daquilo que consome em papel reciclado.



Devido ao lucrativo negócio da coleta de papel velho, companhias municipais de limpeza pública alemãs enfrentam agora concorrência crescente de empresas privadas, e moradores se espantam com a quantidade de tonéis azuis depositados em suas calçadas.



Empresas marcam o seu território



A história se repete em toda a Alemanha. Só na região de Munique, uma única empresa privada de recolhimento instalou entre 20 a 30 mil contâineres nas ruas e calçadas da região. Em Lüneburg, desde que uma decisão do Tribunal Administrativo Superior da cidade do estado da Baixa Saxônia determinou a abertura do mercado para empresas comerciais, seis empresas e diversas associações disputam trechos de ruas e até bairros inteiros da cidade.



As empresas marcam o seu território com tonéis contendo seu logotipo. Tanto os contâineres como a coleta do material são disponibilizados gratuitamente. "O negócio com papel velho é tão lucrativo que as empresas podem se dar a este luxo", explica Rainer Cosson.



Em apenas um mês, a decisão do tribunal da Baixa Saxônia também encheu o município de Emsland de tonéis azuis. A concorrência privada fez com que a companhia municipal saísse do mercado, deixando de recolher assim 20 mil toneladas anuais de papel velho, o que corresponderia a um lucro de 800 mil euros, informou o próprio serviço municipal de coleta.



Privatização dos lucros



Além da insatisfação dos moradores, descontentes com tantos tonéis de reciclagem em seus jardins e calçadas, as prefeituras temem que as empresas privadas abandonem o negócio quando este não for mais lucrativo. Além disso, a diminuição dos lucros das prefeituras devido à privatização pode levar ao aumento das taxas públicas sobre o lixo.



Em vez de argumentos, o prefeito da cidade de Bergkamen, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, utiliza fatos para justificar a coleta pública em sua cidade de 52 mil habitantes: desde que o recolhimento de papel usado voltou à mão municipal, há cerca de um ano e meio, a prefeitura já baixou por duas vezes a taxa do lixo.





Fonte: D

Ano da Publicação: 2008
Fonte: http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00805/0080513disputa.htm
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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