Velhas chapas de raio-x escondem um tesouro que só aparece com a reciclagem das radiografias, a prata. O precioso metal fica espalhado numa fina camada sobre a película que produz a imagem da radiografia. Depois de retirado o metal das chapas de raio-x, sobram os plásticos, que podem ser transformados em embalagens.
uma fábrica de reciclagem, o empresário Albert Reuben transforma o plástico em embalagens para presentes. Ele é cortado, dobrado, montado e vira interessantes caixinhas.
“Podem ser encomendadas em pequenas quantidades a um custo muito baixo. Então, pequenas indústrias de lembrancinhas, de enfeites, de pequenas quantidades são muito bem servidas por essa linha de embalagens”, explica o empresário Albert Reuben.
Para produzir as caixas do plástico das radiografias, o investimento é de R$ 50 mil. É preciso comprar a máquina de corte e vinco. A empresa de Albert recicla 300 quilos de plástico por mês e fatura R$ 15 mil.
A artesã Izabel Franco compra 800 caixas recicladas por mês. Ela usa as embalagens para vender lembrancinhas de bebês. Ela fornece as peças para lojas. Para a artesã, as caixas feitas de radiografia são transparentes, rígidas e deixam o produto bem visível. O preço é bom: uma caixinha custa R$ 0,06.
“A melhor embalagem que eu achei até hoje, sou há 20 anos artesã, foi essas caixinhas”, conta Izabel.
Mas, as velhas chapas de raio-x escondem ainda um negócio mais lucrativo: o mercado da prata. O metal custa em torno de R$ 1,2 mil o quilo e fica impregnado no plástico para a reprodução da imagem da radiografia. Do lixo que são as chapas descartadas, uma empresa consegue extrair quase 500 quilos de prata por mês. Um desafio e tanto.
A reciclagem é feita na fábrica do empresário Albert Reuben. As chapas de raio-x são recolhidas em hospitais e clínicas. Depois, são separadas por tamanho e lavadas com soda cáustica. Da água, sai uma massa de sujeira. Nela se encontra a prata. Para retirá-la, é preciso derreter o material junto com alguns elementos fundentes.
“Essencialmente isso aqui é a nossa fundição. A fundição da refina. Estamos aqui há quase 30 anos e nós nos especializamos na recuperação de prata de processos fotográficos”, diz o empresário.
O processo separa as impurezas do precioso metal. “A maior parte é escória ou impureza. A prata é a parte menor. Aqui deve ter em torno de uns 450 gramas, 500. Nesse equivalente, isso seriam, no mínimo, umas 2,5 mil chapas”, mostra o fundidor Cássio de Almeida.
O peso do lingote de prata é conferido: 635 gramas. Na etapa seguinte, a prata é derretida de novo e em altíssima temperatura é despejada na água fria e mexida rapidamente. A prata fica granulada por choque térmico. O investimento para montar uma empresa de reciclagem de prata das chapas de raio-x é de R$ 300 mil. Além dos fornos é preciso comprar tanques de limpeza e montar uma estação de tratamento de água. São necessárias licenças ambientais para funcionar. Toda água usada na limpeza das chapas têm que ser tratadas antes de parar na rede de esgotos ou reutilizada nos tanques de limpeza.
“A prata paga tudo. Paga os nossos serviços, as nossas licenças que temos para trabalhar com esse material”, conta o empresário.
A empresa de Albert também instala estações de tratamento em hospitais. Nesse caso, a prata é retirada do material líquido produzido pela revelação das radiografias. Para o diretor do hospital, Rogério Piroto o negócio é vantajoso.
Além de não ter que pagar pelo tratamento dos resíduos que é obrigatório pela legislação ambiental, o hospital ainda recebe parte do dinheiro obtido pela venda da prata.
“Não existe investimento, na verdade é uma parceria onde a empresa que tem o contrato com a gente estabelece o equipamento na instituição e com isso temos um retorno da venda, do produto que é retirado dos filmes e destinamos esse valor para o centro de estudos da instituição”, explica o diretor do hospital.
A prata extraída das radiografias é vendida para joalherias. O empresário André Gonçalves compra quatro quilos de prata por mês e faz vários tipos de peças.
“É um mercado bom, muito competitivo, ainda mais com essa questão de mercado importado, do câmbio, tem que insistir, ter bastante criatividade, diferenciar esses modelos que vêm de fora”, diz o empresário.
No ateliê a prata é derretida e despejada em moldes de gesso. Quando esfria o gesso é quebrado e as jóias são retiradas uma a uma. O produto ganha acabamento e pedras preciosas. O resultado é mais uma prova das oportunidades geradas pela reciclagem das chapas de raio-x.
“É interessante porque algo que seria jogado fora dá para criar, fazer um material nobre e ter uma valia tão boa no mercado”, garante André Gonçalves.
fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios
Ano da Publicação: | 2010 |
Fonte: | http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1178 |
Link/URL: | http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1178 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
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