Economia ecológica e sustentabilidade

(definição de Walter Tesck) – A
questão ou dilema da crise sistêmica que se quer resolver é a de que existe
cerca de 1 bilhão de pessoas consumindo ao estilo do modelo atual de
produção e alto consumo. Este modelo de produção e consumo colocou em
cheque e em perigo as condições de vida da espécie no Planeta. Que
passaria se os outros 5 bilhões acedessem ao mesmo modelo de consumo?
Para uma reflexão sobre os caminhos da economia o professor José Eli da
USP (Universidade de São Paulo) resumiu três estratégias são propostas: 1)
A convencional, onde o caminho da estabilidade se alcança quando a renda
per capita chegue a U$ 20 mil. Neste nível melhoraria o ambiente, a
sustentabilidade se chegaria a um crescimento econômico generalizado. Os
formuladores dessa tese – G.M. Grossman e A.B. Krueger – a chamaram de
“Curva de Kuznets Ambiental” devido à sua notável semelhança com a
hipótese sobre a distribuição de renda lançada por Simon Kuznets em 1954,
que exigiu quatro décadas para que fosse esquecida. 2) A ecológica propõe
que só pode haver sustentabilidade naquela condição erroneamente
denominada pelos clássicos de "estacionária", ou seja, quando a qualidade
de vida de uma sociedade segue melhorando sem que isso continue a exigir
o aumento físico de seu subsistema econômico. As nações que já atingiram
altos níveis de desenvolvimento deveriam planejar a transição para esse
modo mais avançado de prosperidade e contribuir com outros países para
que o façam com estilos ambientalmente menos agressivos. O defensor
dessa tese – Herman E. Daly – preferiu chamá-la de “steady state economy”,
tanto para superar o tropeço semântico dos clássicos, quanto para enfatizar
a semelhança com o conceito termodinâmico. Daly tem sido acusado de
direita, de esquerda, argumentando-se que qualquer tipo de condição
estável seria a negação do sistema capitalista e incompatível com a
democracia. Contestando a própria necessidade de qualquer restrição ao
crescimento econômico. 3) Uma terceira via. Inclui os que consideraram
que a posição ecológica é impraticável, e que a convencional é
inconsistente com as grandes questões ambientais globais, frente inclusive
a ruptura climática. Apostam, em uma reconfiguração do processo
produtivo na qual a oferta de bens e serviços tenderia a ganhar em
ecoeficiência: desmaterializando-se e ficando cada vez menos intensiva em energia. A economia poderia assim continuar a crescer sem que limites
ecológicos fossem rompidos, ou recursos naturais viessem a se esgotar.
Esta tese denominada “descasamento” (decoupling), em analogia a outro
conceito da física cosmológica – é a essência das abordagens que tentam
evitar o dilema do crescimento, por um caminho do meio entre o otimismo
convencional e o pessimismo dos ecológicos. Essa terceira postura estaria
ganhando espaço com apoio do Banco Mundial. Contudo, em abril de 2009,
a posição teria alterado pelo lançamento do relatório “Prosperity without
growth? – The transition to a sustainable economy”, elaborado por Tim
Jackson para a Comissão de Desenvolvimento Sustentável do governo
britânico, que fortaleceria a segunda tese. O debate do dilema do
crescimento exigirá rompimento mental com uma macroeconomia
inteiramente centrada no ininterrupto aumento do consumo, em vez de um
keynesianismo pretensamente esverdeado por propostas de ecoeficiência.
Isto dificilmente deterá a pressão sobre os recursos naturais. Que seria uma
macroeconomia para sustentabilidade? Seria reconhecer os limites naturais
à expansão das atividades econômicas, rompa com a lógica social do
consumismo. Não existe um pensamento econômico cujo impacto tenha
algum paralelo com a ascensão da macroeconomia keynesiana em resposta
à miséria intelectual dos anos 1920. Os economistas ecológicos até
obtiveram algum êxito na crítica ao pensamento econômico convencional,
no qual coexistem várias teorias que compartilham a mesma visão de um
sistema econômico fechado, que não depende da biosfera. Pior: têm a
mesmíssima ética voltada a uma suposta maximização do bem-estar da
população atual, sem quaisquer considerações sobre limites ecológicos e
sobre o bem-estar de gerações futuras. Esse é o denominador comum a
todas as escolas, das mais ortodoxas às mais heterodoxas. A crítica da
economia ecológica ao cerne do pensamento convencional só foi até agora
assimilada por uma ínfima minoria. Razão da incipiência na formulação de
alternativa que supere o que há de mais comum nas várias teorias
macroeconômicas em voga. (resumo do texto de José Eli da Veiga,
especialista que tem tratado o tema da sustentabilidade). Ver também
debate sobre teorias econômicas em: La lógica de la abundancia.
Fonte: http://api.ning.com/files/VjQtj38Rxrf08ePOAAPdVZ710721WS1JfOxwl62VLoG46wB5Ond4P9gN*A8ZK8uFwXUbtG4LmwSkIsXT0KQe77msCM5yP8YP/Glossrio.pdf

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