Embalagens cartonadas longa vida – o mercado para reciclagem

O mercado para reciclagem

A embalagem Longa Vida é uma embalagem extremamente eficiente no seu papel de preservação dos alimentos e após o consumo deve ser encaminhada para os programas de coleta seletiva. Essas iniciativas estão em crescimento constante e são as grandes responsáveis pela separação dos diversos tipos de materiais recicláveis e encaminhamento das Embalagens Longa Vida para as indústrias recicladoras.

O mercado de reciclagem de embalagens cartonadas é muito grande, pois envolve cooperativas de catadores, indústrias papeleiras, de plástico, fabricantes de placas e telhas e de alta tecnologia, como a de plasma. Além disso, a reciclagem de embalagens longa vida também contribui para o crescimento do mercado de produtos reciclados, como os fabricados a partir de papel reciclado, de plástico reciclado como vassouras e o de placas e telhas recicladas. Outro ponto a destacar é o leque de oportunidades que surge com o uso de uma matéria-prima alternativa para fabricação de móveis, peças de escritórios entre outros a serem desenvolvidas.

Quanto é reciclado?

22.2% foi a taxa de reciclagem de embalagens Longa Vida no Brasil em 2009 totalizando quase 44 mil toneladas.

Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 680 quilos de papel kraft. No Brasil, é previsto um aumento constante da reciclagem dessas embalagens devido à expansão das iniciativas de coleta seletiva com organização de municípios, cooperativas e comunidade e ao desenvolvimento de novos processos tecnológicos. A taxa de reciclagem mundial é de 18% de Embalagens Longa Vida pós-consumo.

O Brasil continua líder absoluto nas Américas, mantendo-se acima da média mundial (18%) e posicionando-se próximo à média européia (30%).

Conhecendo o material

A embalagem Longa Vida, também chamada de Cartonada ou Multicamadas, é composta de várias camadas de papel, polietileno de baixa densidade e alumínio. Esses materiais em camadas criam uma barreira que impede a entrada de luz, ar, água, microorganismos e odores externos e, ao mesmo tempo, preserva o aroma dos alimentos dentro da embalagem.
Além disso, a Embalagem Cartonada dispensa o uso de conservantes e não necessita de refrigeração, economizando energia da geladeira e de caminhões frigoríficos. O não uso de refrigeração também contribui para a diminuição do uso do gás CFC, um dos responsáveis pela destruição da camada de ozônio; pois este ainda é usado em diversos sistemas de refrigeração. O peso da Embalagem é outro fator importante, pois, para embalar um litro de alimento, são necessários somente 28 gramas de material, economizando recursos naturais e gasto de combustível durante o transporte.

Qual o seu peso no lixo?

Por ser uma embalagem extremamente leve, seu peso não é tão expressivo no lixo urbano. Nos programas de Coleta Seletiva, o peso da Embalagem Longa Vida é de 1,9% segundo a pesquisa Ciclosoft de 2010 (CEMPRE).

Sua história

As Embalagens Longa Vida foram inventadas por Ruben Rausing a partir da premissa de que uma embalagem deve economizar mais do que custa. A sua comercialização iniciou-se em 1952 na Suécia e desde então tem aumentado por todo o mundo.

No Brasil, o uso de embalagens cartonadas iniciou-se em 1957 e com grande aceitação, pois torna possível o transporte de produtos perecíveis em longas distâncias, comuns em um país com vasta extensão territorial, sem necessidade de refrigeração, chegando intactos e perfeitos para o consumo.

E as limitações?

Uma vez as Embalagens Longa Vida separadas na coleta seletiva e encaminhadas para as indústrias recicladoras adequadas, não há limitações para a sua reciclagem e reaproveitamento de todas as suas camadas.

Entretanto, alguns cuidados podem auxiliar na melhor separação e armazenamento na coleta seletiva. É importante que as embalagens estejam livres de resíduos orgânicos como restos de comidas, pois isso evita odores desagradáveis ao material armazenado. Outra forma de contribuir, é manter as embalagens compactas (sem ar), pois diminui o volume de material que deve ser encaminhado para coleta seletiva.

É importante saber…

Redução da Fonte de Geração
O uso de embalagens adequadas é uma forma de contribuir para a redução de resíduos, pois evitam o desperdício de alimentos e preservam este por um tempo maior até o consumo do produto. Outra forma de redução na fonte de geração, é o peso da embalagem. Quanto menor o seu peso, menor será o uso de recursos naturais para sua produção.

Dessa forma, o uso de Embalagens Longa Vida contribui diretamente para a redução na fonte geradora, pois é uma embalagem leve, que permite a conservação dos alimentos por um grande período de tempo.

Compostagem

Como a matéria-prima principal das Embalagens Longa Vida é o papel, há a possibilidade de utilizá-la para compostagem, sendo encaminhado para produção de húmus utilizado em hortas e jardins. Entretanto, essa não é a melhor alternativa para essa embalagem, pois o interessante é o reaproveitamento de todos os materiais conseguido quando elas são encaminhadas para Coleta Seletiva.

Incineração

As embalagens Longa Vida têm poder calorífico de 21.000 BTUs por quilo. Isso significa que uma tonelada gera energia na forma de calor equivalente ao que é obtido com a queima de 5 metros cúbicos de lenha (50 árvores adultas) ou 500 quilos de óleo combustível. Além do vapor d’água, a queima do resíduo produz gás carbônico e trióxido de alumínio na forma sólida, usado como agente floculante em tratamento de água ou como agente refratário em alto-fornos.

Essa alternativa é muito usada em países europeus, que já possuem incineradores instalados com grandes controles ambientais e preparados para recuperação energética.

Aterro

Pelo fato da Embalagem Longa Vida ser um material estável e atóxico, a sua destinação para aterros sanitários contribui para a ocupação de áreas e aumenta o volume a ser depositado. Estudos da Universidade de São Paulo (2000) atestam que após 6 meses, 49% da embalagem se decompõe totalmente quando depositada em aterros sanitários adequados.

Estudos realizados na Alemanha mostram que as embalagens Longa Vida geram 60% menos volume em aterros sanitários em comparação a outros tipos de materiais. Para se ter uma idéia, 300 embalagens cartonadas de 1 litro, vazias e compactadas, ocupam o espaço equivalente a 11 litros.

O Ciclo da Reciclagem: Voltando às origens

O processo para reciclagem das embalagens cartonadas acontece em duas etapas. A primeira é a retirada do papel e posteriormente o processamento do polietileno/alumínio que pode ser reciclado de várias formas diferentes.

Reciclagem das fibras de papel

O processo de reciclagem das Embalagens Longa Vida inicia-se nas fábricas de papel, onde as embalagens são alimentadas a um equipamento semelhante a um liquidificador gigante, o “hidrapulper”. As fibras são agitadas com água e sem produtos químicos, hidratando-se e separando-se das camadas de plástico e alumínio. Após a separação, estas fibras celulósicas seguem para a máquina de papel. O produto final é o papel reciclado que pode ser usado para confecção de caixas de papelão.

Reciclagem do plástico e Alumínio

Após o reaproveitamento do papel, o polietileno e o alumínio seguem para outros processos produtivos:

1) Reciclagem via Plasma: A nova tecnologia de plasma permite a completa separação das camadas de plástico e alumínio. O sistema usa energia elétrica para produzir um jato de plasma a 15 mil graus Celsius para aquecer a mistura de plástico e alumínio. Com o processo, o plástico é transformado em parafina e o alumínio, totalmente recuperado em forma de lingotes de alta pureza. Esses lingotes são transformados em novas folhas de alumínio usadas na fabricação de Embalagens Longa Vida e, assim, fecham o ciclo de reciclagem do material. A parafina é vendida para a indústria petroquímica nacional. A aplicação dessa tecnologia para reciclagem de embalagens longa vida é inédita no mundo e 100% brasileira, tendo já despertado o interesse de diversos países europeus.

2) Fabricação de placas e telhas: Outra possibilidade é a trituração das camadas de polietileno e alumínio, que são depois prensadas a altas temperaturas, produzindo chapas semelhantes à madeira, ideais para a produção de móveis e divisórias. Essas chapas podem ser transformadas também em telhas utilizadas na construção civil.

3) Produção de “Pellets”: O composto de plástico com alumínio pode ser encaminhado para as indústrias de plástico, onde são reciclados por meio de um processo de extrusão para produção de “pellets”. Esses “pellets” são pequenos grãos de plástico e alumínio que podem ser utilizados como matéria-prima nos processos de fabricação de peças por injeção, rotomoldagem ou sopro. Os produtos finais são canetas, paletes, banquetas, vassouras, coletores por exemplo.

Ano da Publicação: 2011
Fonte: http://www.cempre.org.br/ft_longavida.php
Link/URL: http://www.cempre.org.br/ft_longavida.php
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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