Embrapa, IAC, ESALQ, EEP E UNITAU Desenvolvem Sistématica para o uso agrícola do composto de lixo urbano para o Estado de São Paulo

O emprego na agricultura da matéria orgânica proveniente do lixo urbano, constitui-se numa excelente alternativa para reciclagem desse material, pois de um lado melhora alguns atributos




químico e físico e os processo biológicos do solo, e de outro, contribui para aliviar a carga




poluidora e aumentar a vida útil dos aterros , cada vez mais difíceis da serem criados e mantidos




na periferia das grandes cidades.




No Brasil e em outros países em desenvolvimento, ainda não existe legislação a respeito da




qualidade do composto de lixo urbano (CLU) para fins de comercialização e tampouco normas




que orientem o seu uso agrícola.




A Embrapa Informática Agropecuária (Dr. Fábio Cesar da Silva) de Campinas e Instituto




Agrônomico de Campinas – IAC (Dr. Ronaldo Berton), Escola Superior de Agricultura “Luiz de




Queiroz” – ESALQ/USP e Escola de Engenharia de Piracicaba – EEP (Prof. José Carlos




Chitolina) e a Universidade de Taubaté – UNITAU (Prof. Serafin Daniel Balesteiro), vêm




acumulando dados de pesquisa ao longo de 10 anos sobre o tema financiado pela Fapesp,




Ministério de C&T e iniciativa privada. Com isso, procurou-se organizar e avaliar os resultados




existentes, suprindo a falta de informações relativa ao uso agrícola de CLU. Tal iniciativa permitiu




formalizar uma sistemática preliminar para viabilizar o seu uso em solos agrícolas, fundamentada




em 32 ensaios conduzidos pelos autores, nas culturas de hortaliças (alface, cenoura, chicória,




beterraba e rabanete), arroz, feijão, cana-de-açúcar, triticale, milho, mandioca e aveia branca.




O uso agrícola de CLU produz melhores resultados quando associado aos adubos minerais, o




que proporciona melhor aproveitamento destes. O CLU atua como fonte primordial de




nitrogênio, fósforo e potássio, trazendo reflexos expressivos na produtividade agrícola das




culturas mais exigentes em nutrientes. Chegando-se as tabelas para o cálculo da dosagem do




composto de lixo e a necessidade de sua complementação com fertilizantes químicos para




diferentes culturas, baseado na análise de fertilidade do solo (PK) e nos teores totais de NPK




presentes no CLU.




Entretanto, o uso da matéria orgânica contida no CLU em solo agrícola deve ser disciplinada e




algumas restrições a serem observadas pelo agricultor, quais sejam: (a) a quantidade de material




inerte geralmente presente nesse material, principalmente quando não se utiliza a coleta seletiva do




lixo, como pontas de agulhas, lâminas de barbear, pregos, vidros, etc.; (b) os teores de metais




pesados devem estar abaixo dos valores limites em mg.kg-1 (Pb = 500, Cu = 1000, Zn = 1500,




Cr = 300, Ni = 200, Cd = 6 e Hg = 4); (c) a ausencia de patógenos, organismos que podem




causar doenças aos seres humanos.




Um CLU a ser empregado em hortaliças deve obrigatoriamente estar isento de patógenos e o




lixo ser originário de coleta seletiva. Em geral, esses microrganismos são eliminados durante a




compostagem da matéria orgânica, se está for bem feita, ou seja, a pilha de lixo deve atingir e




permanecer entre 55 a 60o C por um período de 15 a 30 dias.




Assim, para a aplicação segura e técnica do composto orgânico no solo agrícola, recomenda-se




uma compostagem completa até que o material esteja estabilizado – “curado”, ou seja, que esse




material orgânico tenha um pH acima de 7,0 e a relação C/N abaixo de 14. Além disso,



Ano da Publicação: 2002
Fonte: Revista Agro C&T (Brasília, DF) e em parte no Jornal de Piracicaba
Autor: Fábio Cesar da Silva
Email do Autor: fcesar@cnptia.embrapa.br

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