Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, estudo realizado pela Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais e divulgado no dia 26 de abril de 2011, durante o Fórum Brasileiro de Resíduos Sólidos, o Brasil produziu quase 61 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) em 2010, o que significa uma média de 378 kg de lixo por ano para cada brasileiro. Este volume é 6,8% superior ao registrado em 2009 e seis vezes superior ao índice de crescimento populacional urbano apurado no mesmo período.
O estudo apresenta o mais completo raio-X do setor e traz os dados mais atualizados do País, com destaque para as regiões geográficas e cada um dos estados da federação, constituindo-se em um verdadeiro mapa do Brasil em termos da geração, coleta, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos.
A publicação apontou que, do total de 61 milhões de toneladas de RSU gerados no Brasil, 51 milhões de toneladas foram coletadas pelos serviços públicos de limpeza urbana. “Houve um crescimento de 7,7% no volume coletado, o que indica um aumento na cobertura dos serviços de coleta, rumo à sua universalização.”, comenta Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe.
A partir das informações divulgadas, também foi possível perceber que, em termos percentuais, houve uma ligeira melhora na destinação final dos resíduos sólidos urbanos: 57,6% do total coletado tiveram destinação adequada, sendo encaminhado a aterros sanitários, ante um índice de 56,8% no ano de 2009. Ainda assim, a quantidade de lixo com destinação inadequada permanece muito alta.
“Quase 23 milhões de toneladas de resíduos seguiram para lixões e aterros controlados no ano passado, em comparação a 21,7 milhões em 2009”, ressalta o diretor executivo ao acrescentar que esse cenário traz consideráveis danos ao meio ambiente, pois os lixões e aterros controlados não têm qualquer mecanismo adequado de disposição e armazenamento do lixo e apresentam riscos de contaminação do solo e da água.
No que se refere à reciclagem, permanece a tendência de crescimento das iniciativas de coleta seletiva, mas ainda de forma muito lenta. O estudo mostrou que 57,6% dos municípios brasileiros afirmam ter iniciativas de coleta seletiva, em comparação a 56,6% no ano anterior.
“Embora a quantidade seja expressiva, é importante considerar que em muitos casos tais iniciativas resumem-se à disponibilização de pontos de entrega voluntária à população ou na simples formalização de convênios com cooperativas de catadores para a execução dos serviços”, salienta o diretor executivo da Abrelpe. Ele acrescenta ainda que há diferenças regionais significativas. “No Sudeste, o percentual de cidades com coleta seletiva é de quase 80%, enquanto que no Centro-Oeste não chega a 30%”.
A principal conclusão do Panorama 2010 é a de que é necessária a adoção imediata no Brasil de um sistema integrado e sustentável de gestão de resíduos sólidos, para fazer frente ao crescimento desenfreado na geração e para garantir um destino adequado à totalidade dos resíduos. “A modernização do setor por meio de novos sistemas e tecnologias se faz necessária para que os objetivos da PNRS sejam alcançados”, recomenda o diretor executivo da Abrelpe.
“O sucesso também está vinculado a uma política mais clara de incentivos e estímulos, tanto do governo federal como dos governos estaduais, para os municípios que, por sua vez, deverão buscar soluções conjuntas e regionalizadas, por meio dos consórcios públicos. Além disso, as soluções devem ser estruturadas com uma perspectiva de longo prazo e plena adequação ambiental, o que demanda investimentos, que podem ser supridos com a adoção do modelo de Parcerias Público-Privadas”, completa.
Coleta de resíduos de construção e demolição cresce 8,7% e preocupa
De acordo com a edição 2010 do Panorama dos Resíduos Sólidos da Abrelpe, os municípios brasileiros coletaram cerca de 31 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição (RCD) no ano passado, 8,7% a mais do que em 2009. “Trata-se de um dado preocupante, já que as quantidades reais são ainda maiores, visto que os municípios em geral coletam somente os RCD abandonados ou indevidamente lançados em logradouros públicos. Isso porque a responsabilidade pela coleta e destinação final desse tipo de resíduo é do gerador”, alerta Silva Filho.
Mais de 71% dos resíduos sólidos urbanos da região Centro-Oeste têm destinação inadequada
Dados da nova edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais mostram que a situação do lixo nessas três regiões do País ainda é muito alarmante, principalmente no tocante à destinação dos mesmos. Em 2010, das quase 14 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) coletados por dia no Centro-Oeste, 71,2% tiveram como destino final os lixões e aterros controlados. No Nordeste, foram coletadas diariamente mais de 38 mil toneladas, e o percentual de destinação inadequada chegou a 66%, enquanto que no Norte 65% das 10,6 mil toneladas diárias não foram destinadas adequadamente.
“Se compararmos com os dados de 2009, apesar de essas regiões terem ampliado, em média, em mais de 10% a destinação final adequada dos resíduos urbanos, enviando-os para aterros sanitários, a quantidade de lixo encaminhado para lixões e aterros controlados, ou seja, para destinos irregulares, ainda é extremamente significativa, o que resulta em sérios prejuízos ao meio ambiente”, alerta Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe. Ele ressalta que também preocupa muito o volume de lixo que sequer é coletado no Nordeste: são quase 12 mil toneladas por dia.
Nas outras duas regiões, Sudeste e Sul, o cenário é mais positivo, mas ainda não é o ideal e nem aquele previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Das 92 mil toneladas coletadas diariamente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, 28,3% seguem para lixões e aterros controlados. Nos três estados do Sul, que juntos coletaram quase 19 mil toneladas por dia em 2010, o percentual de RSU que têm destino inadequado é de 30,3%.
A região Sudeste continua respondendo por mais da metade dos RSU coletados no Brasil, com 53,1%. Em seguida, vem o Nordeste, com 22%; o Sul, com 10,8%; o Centro-Oeste, com 8%; e por último o Norte, com 6,1%.
Nas capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes foram coletadas 70,8 mil toneladas de RSU por dia, o equivalente a 1,2 kg por habitante – número superior à média nacional per capita , que atingiu 1,08 kg/hab/dia.
“A geração per capita é ainda maior no Sudeste, onde foi registrado um índice de 1,288 kg/hab/dia. Já os brasileiros que menos produzem lixo são os que vivem no Sul, região cuja geração per capita em 2010 foi de 0,879 kg/hab/dia”, conclui Silva Filho.
Mais informações: www.abrelpe.org.br
Ano da Publicação: | 2013 |
Fonte: | Revista Meio Ambiente Digital |
Link/URL: | http://rmai.com.br/v4/Read/670/estudo-mostra-que-geracao-de-residuos-solidos-cresce-seis-vezes-mais-do-que-a-populacao-brasileira.aspx |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |