Você já imaginou usar roupas feitas a partir de garrafas PET? Mas não pense que é desconfortável. Pelo contrário. O toque é tão macio como o do algodão. Acha estranho? Pois saiba que isso é possível e, principalmente, um fator importante no combate ao desperdício, já que evita que as garrafas sejam jogadas fora, muitas vezes em lixões e aterros.
Transformação – Você deve estar se perguntando como é possível transformar um plástico duro em roupa macia. O engenheiro têxtil e gerente de capacitação tecnológica da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Sylvio Nápoli, explica que a roupa não é feita diretamente das garrafas. “Elas são transformadas na fibra de poliéster que, por sua vez, será utilizada por uma fábrica de tecidos ou malhas”.
Mas para se chegar à malha que será costurada e estampada para virar uma camiseta, por exemplo, são necessárias algumas fases. Na primeira etapa, após coletadas, as garrafas são lavadas e separadas por cor. Tampa e rótulos são retirados. Depois elas passam por um processo de secagem e são moídas e transformadas em “flakes” – pequenos pedaços de plásticos picados.
Em seguida, os flakes são derretidos e filtrados, retirando assim todas as impurezas sólidas. Depois de frio, o produto é triturado no formato de pequenos grãos. Este material é levado para a fábrica onde se faz a fibra. O procedimento é retirar a umidade, novamente em fusão a 300 graus, e depois passar por fieiras, que separam o plástico em filamentos. A fibra é 20% mais fina em comparação com a de algodão, o que garante a maciez.
Fios – Na terceira fase ocorre a estiagem, que transforma o material em fio, cujo tamanho é cortado de acordo com a aplicação a que se destina, como camisetas, camisas polos, bonés e roupas em geral. A coloração da fibra pode ser feita na massa da fusão ou após estar pronto, com tingimento à base de água.
Maciez – Apesar de parecer estranho, o tecido de PET reciclado é tão macio quanto o de algodão. Além disso, possui cores diferenciadas e pode ser tão ou mais durável que as camisetas de algodão.
Garrafas a menos – Na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, a empresa Fujiro retirou do meio ambiente um milhão de garrafas PET em apenas três anos. Apesar disso, o engenheiro têxtil Sylvio Nápoli aponta uma desvantagem em relação ao tecido de algodão. “Ele absorve pouca umidade. Porém, é um tecido que não amassa facilmente”, explica. “E para aproveitar a qualidade dos dois tecidos (de PET e de algodão), as empresas misturam as duas fibras”, explica.
Toneladas de fios – Em 2007, foram recicladas no Brasil 231 toneladas de garrafas PET, o equivalente a 53,5% da produção total (432 toneladas). Além de eliminar o descarte indiscriminado, a reciclagem, em comparação com a garrafa de material virgem (que não foi reciclada), garante uma economia de 97% de energia e 86% de água. Conheça mais alguns dados dessa transformação benéfica para a natureza.
Para se fazer uma camiseta é preciso usar:
3,5 garrafas de 1,5 litros;
ou 5 garrafas PET de 1litro;
ou ainda 8,3 garratas de 600 ml;
16,6 garrafas de 300 ml.
Uma garrafa de 2 litros gera 50 gramas de fibra de poliéster.
Faça o teste: pese uma camiseta, ou qualquer peça de tecido que contenha poliéster na composição (veja essa informação na etiqueta da roupa) e verifique a proporção para determinar quantas garrafas poderiam estar nela. Por exemplo, um moletom de 300 gramas, feito com 67% de fibra de poliéster e 33% de viscose (composição muito comum) possui 201 gramas de poliéster, ou seja, 4 garrafas de 2 litros.
Fonte: Teresa Orrú (Jornal de Jundiaí)
Ano da Publicação: | 2009 |
Fonte: | http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00906/0090601corpo.htm |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |