Isopor vegetal – Espuma biodegradável pode substituir vários tipos de plástico

Resinas obtidas de plantas como milho, arroz, cana-de-açúcar, soja e mamona são a base de produtos biodegradáveis destinados a substituir o poliestireno expandido (EPS), um produto de difícil reciclagem derivado do petróleo conhecido popularmente como isopor, utilizado principalmente pelo mercado de embalagens. A Bioespuma, nome comercial e patenteado do material desenvolvido pela empresa Kehl, na cidade paulista de São Carlos, foi aplicada em vários produtos, como bandejas para comercialização de frutas e legumes, embalagens para aparelhos eletroeletrônicos, suportes para plantio de mudas e sementes com nutrientes agregados e tapetes absorventes para produtos químicos.



“A formulação e o arranjo das moléculas permitem a obtenção de diferentes produtos”, diz Eduardo Murgel Kehl, químico e economista que criou a empresa em 1972 como um laboratório de ensaios e fábrica de artigos de borracha e silicone. Algumas linhas de produtos já estão no mercado, outras serão lançadas ainda no primeiro semestre deste ano pela empresa Synbeeosis, também de São Carlos, que se tornou parceira comercial da Kehl. As pesquisas que resultaram no material biodegradável começaram em 1992 nos laboratórios da Kehl e prosseguiram na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde foi realizado o primeiro estudo de biodegradação. Outros ensaios foram feitos na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e na Universidade de São Paulo (USP) na mesma cidade.



A grande vantagem do biomaterial é o tempo de degradação na natureza. Na presença do oxigênio e no solo, ele degrada em dois anos – sem oxigênio pode levar até três anos. “Em ambientes como lixões, propícios ao desenvolvimento de microorganismos, o processo é bem mais rápido e pode ser de até seis meses”, diz o químico Ricardo Vicino, sócio da empresa, que coordenou as pesquisas na universidade. A Kehl tem um convênio com a Unicamp que permite a realização de testes de produtos em desenvolvimento. A Bioespuma é produzida pela combinação de biomassa das resinas vegetais e de derivados de petróleo, que entram em até 50% da composição. A mistura é tratada por vias químicas tradicionais e transformada na matéria-prima que dá origem ao material biodegradável.



Os testes para avaliar a biodegradação do produto foram feitos no laboratório do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA), da Unicamp, segundo as normas da American Society for Testing and Materials, aceitas mundialmente. A Bioespuma pode substituir o isopor, que não é biodegradável e constitui um sério problema ambiental quando descartado nos lixões. Além disso, produz gases tóxicos ao ser incinerado. A reciclagem do isopor é possível, mas a baixa densidade do material constitui um empecilho para o seu reaproveitamento. Para ser economicamente viável, seria necessário coletar uma quantidade muito grande do material. Até o momento são tímidas as iniciativas para conter o descarte de EPS nos aterros sanitários ou mesmo na natureza.



Inicialmente, a Bioespuma foi produzida com mamona, mas hoje tem a soja e o milho como duas das principais fontes de matéria-prima porque obtiveram melhores resultados técnicos e menor preço. Um dos produtos derivados desse polímero vegetal que tem conquistado consumidores é uma tinta especial à base de milho usada na construção civil como impermeabilizante de lajes de concreto e de pisos industriais, comerciais e residenciais. “Além de não ter cheiro durante a aplicação, o produto é bastante resistente”, diz Kehl. A tinta, produzida em várias cores, é indicada ainda para a sinalização de estradas e construção naval, como impermeabilizante para casco de navios.



O polímero vegetal, também chamado de poliuretano, é utilizado na fabricação das pontas de martelos, que apresentam aspecto semelhante ao da borracha, indicados para aplicações de impacto, mas sem causar danos e manchas nas peças, como nas linhas de montagem automobilística. “Duas c

Ano da Publicação: 2007
Fonte: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/index.php?art=3161&bd=1&pg=1&lg
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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