"Do total produzido nas casas, apenas 2% é destinado à coleta seletiva", afirma a bióloga Elen Aquino, pesquisadora do Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (Cepema), da Universidade de São Paulo. O restante vai parar em lixões a céu aberto ou, na melhor das hipóteses, em aterros sanitários cuja capacidade máxima já está próxima do limite. Para piorar o quadro, muitas vezes o cidadão toma o cuidado de separar metais, vidros, plásticos e papéis acreditando que esses materiais serão reciclados, mas as empresas de limpeza contratadas pela prefeitura acabam por misturá-los num mesmo caminhão.
O desempenho das administrações municipais costuma ser um lixo em matéria de lixo, mas não por falta de boas leis. No estado de São Paulo, por exemplo, a legislação obriga todos os condomínios com mais de cinquenta unidades residenciais a ter coleta seletiva de lixo. Uma nova lei publicada na semana passada determina que shoppings, prédios comerciais e indústrias da cidade de São Paulo separem o lixo reciclável. Só poderão ser levados a aterros o lixo orgânico e materiais que não são reaproveitáveis, como isopor, espelhos e papel higiênico.
Em que pesem as consuetudinárias dificuldades brasileiras de fazer valer a legislação, e não só quando o assunto é sujeira, é preciso perseverar na divisão do lixo doméstico e, além disso, tentar diminuir a quantidade diária de dejetos. No mínimo, você manterá a consciência mais limpa. A seguir, as quatro soluções domésticas que mais ajudam a reduzir o lixo dentro e, consequentemente, fora de casa.
SEPARAÇÃO E RECICLAGEM DE PAPÉIS, VIDROS, PLÁSTICOS E METAIS
Como fazer: evidentemente, usando recipientes diferentes para cada material. Papéis, em geral, são recicláveis, com exceção daqueles sujos. Não podem ser reciclados: fraldas descartáveis, absorventes, papel higiênico, guardanapos de papel, papel-toalha e embalagens metalizadas de salgadinhos. O ideal é que você encontre tempo para verificar se o que separou em casa continuará separado no caminhão de lixo e depois encaminhado, de fato, a uma usina de reciclagem. No mínimo, para não fazer papel de trouxa que, como todos sabemos, não é reciclável
Vale a pena para a cidade? E como! Os materiais recicláveis representam 70% do volume de lixo produzido numa cidade. Por isso, separá-los dos outros detritos resulta em muito mais espaço nos aterros sanitários
Em quanto reduz a poluição ambiental? A reciclagem retira do lixo uma série de materiais que levariam um tempo assombroso para se decompor como plástico (450 anos), latas de alumínio (200 anos) ou vidro (1 milhão de anos). Além disso, ao ser reaproveitado, o lixo reciclável economiza recursos naturais. "Uma tonelada de papel reciclado poupa 22 árvores, 75% de energia elétrica e polui o ar 74% menos do que a produção da mesma quantidade de papel com matéria-prima virgem", diz a bióloga Elen Aquino
COMPOSTAGEM DOMÉSTICA
Como fazer: pode ser montada em um tambor de plástico. O tamanho da composteira de cascas de frutas, folhas e talos depende muito do espaço disponível para abrigá-la. Para uma família formada por um casal e dois filhos, um tambor de 50 litros é suficiente para comportar o lixo produzido em um mês
1. Para começar, é preciso fazer furos na lateral do recipiente, a fim de escoar o líquido que se forma com a decomposição dos restos. Ele pode ser recolhido em vasilhas. Não se preocupe: esse líquido não é tóxico, ao contrário do chorume dos aterros, que resulta da mistura de outros tipos de detrito
2. Com o recipiente da composteira pronto, forre o fundo com pedrinhas e coloque a primeira camada de lixo orgânico. Em seguida, cubra-a com terra de jardim, folhas secas ou serragem. Vá intercalando as camadas de detritos com esse tipo de cobertura
3. A cada dois ou três dias, revolva camadas e coberturas, para garantir a oxigenação do material e acelerar, assim, a decomposição.
Autor: Anna Paula Buchalla*
Revista Veja 23/09/2009
Ano da Publicação: | 2011 |
Fonte: | Planeta Sustentável |
Link/URL: | http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/lixo-domestico-coleta-seletiva-separacao-dicas-501359.shtml |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |