Lixo Eletrônico

O que acontece a um computador, um celular, um telefone, quando chegam ao fim da linha? Pois é, essas coisas, em algum momento, também viram lixo. Um lixo caro, perigoso, e muito reciclável. No mundo todo, calcula-se que se jogue fora, todo ano, cerca de 40 mil toneladas de lixo eletrônico. Uma barbaridade. E o Brasil, entre os países emergentes, é dos que mais produzem esse tipo de lixo. Dentro do País, é claro que São Paulo ganha de longe no quesito. Sergio Levin, um especialista no assunto, e que trabalha no ramo, garante que ainda não há dados compilados sobre o montante do nosso lixo eletrônico. Mas faz umas contas rápidas e conclui, pelo que conhece desse mercado, que São Paulo recolha cerca de 100 toneladas-mês só de placas eletrônicas, sem contar as carcaças.

Há um mercado ávido por esse lixo, porque ele contém não só placas eletrônicas, mas metais nobres. Há players nesse mercado que são subsidiárias de multinacionais, e que mandam para o exterior o filé mignon desse lixo. O duro é lidar com todo o resto. Isso é uma função social. Que pode ser rentável também.

Desmanches de lixo eletrônico existem vários. Estão interessados apenas em placas eletrônicas para revenda. Mas e o resto, vai parar aonde? Pilhas, baterias e, sobretudo, monitores, como se sabe, são lixo perigoso. Contém chumbo. Se jogados num aterro sanitário, depois de alguma chuva, vão acabar contaminando o lençol freático. E alguém, em algum lugar da redondeza, vai beber água insalubre e adoecer. Por isso, esse assunto tem de ser tratado com atenção e cuidado.

A Prefeitura, numa ação pioneira, acaba de firmar contrato com a Coopermiti, uma cooperativa nova, dirigida por Sergio Levin e mais quatro sócios, que cuida do “desfazimento”, como prefere o mercado, ou “descaracterização”, como prefere a administração pública e a academia, desse material. A entidade acaba de inaugurar um galpão na Barra Funda, com quatro cooperados especializados nesse tipo de equipamento, e já com mais 20 na fila querendo trabalhar. Recebe refugos da linha branca (geladeiras, máquinas de lavar etc), da linha marrom (televisões, DVDs, videocassetes, CD players) e de informática (computadores de todo tipo, monitores). Mais celulares e telefones.

No galpão, esse material é todo desmontado, as placas eletrônicas separadas, e o resto, selecionado. Tudo tem o seu destino. Será revendido. As placas são reaproveitadas. As demais peças, recicladas e transformadas pela indústria. Os tubos, no entanto, são um problema. É que, além do chumbo (de 5 a 10 kg de chumbo cada) eles contêm fósforo. Desmontá-los sem danos ao meio ambiente depende de uma tecnologia que a Coopermiti ainda não tem. Mas está trabalhando em parceria com a USP para encontrar uma saída a preço reduzido. Já há uma montanha deles num canto do galpão, cobertos, esperando o seu destino.

A Coopermiti recebe esse material todo de gente que a procura para se livrar do problema. E que chega até a empresa através do site da Cetesb. Ou através de convênios com os players do mercado, como a Prolink, que tiram de um equipamento só o que lhes interessa, e mandam para a Coopermiti as carcaças ferrosas e não ferrosas (plásticos). Mas a Coopermiti vai buscar também, desde que seja dentro de São Paulo. Tem um caminhão e uma perua, com o nome da cooperativa e o selo da Prefeitura, que saem recolhendo esse material. Para contatá-los, o telefone é 3666-0849, o site está aqui e o e-mail é sergio.levin@coopermiti.com.br. Dar o fim correto a esse tipo de lixo também é cidadania.

Texto publicado no jornal Metro de 3 de maio de 2010.

Ano da Publicação: 2010
Fonte: http://msn.onne.com.br/conteudo/13089/lixo-eletr-nico
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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