Lixo eletrônico é problema cada vez mais grave

Os avanços tecnológicos, que obrigam os mais fanáticos a conseguir o último modelo de celular, computador ou agenda eletrônica, criaram um problema de enormes dimensões: o que fazer com o lixo gerado pelo setor?



A recente MacWorld, em San Francisco, ilustra bem a situação. Enquanto os inúmeros fãs da Apple faziam longas filas para adquirir um dos minúsculos iPods, grupos de defesa do meio ambiente protestavam nas portas da conferência para chamar a atenção. Para eles, a maçã está podre no que diz respeito à reciclagem de seus produtos.



A conferência da Apple mostrou, mais uma vez, a confluência de duas realidades opostas no mundo da tecnologia. De um lado, as invenções mais futuristas em constante evolução e a preços cada vez mais acessíveis. Do outro, os materiais tóxicos presentes nos produtos que não são reciclados e que danificam os trabalhadores que os manipulam e contaminam o meio ambiente.



O grupo Computer TakeBack alega em seu site (www.badapple.biz) que a companhia deveria “fazer algo além de celebrar seu lucro”. Esta é uma crítica que poderia extrapolar facilmente para a imensa maioria das empresas do setor. “Há uma crise real no que se refere ao lixo eletrônico. Os Estados Unidos ignoram enquanto usamos lixeiras baratas e sujas”, diz Jim Puckett, da Basel Action Network, grupo com sede em Seattle.



Esta rede internacional deve seu nome à Convenção da Basiléia, na Suíça, um tratado da ONU de 1989 que tenta limitar o dano causado pelos resíduos eletrônicos e que foi assinado por todos os países desenvolvidos exceto os EUA. O governo americano está há anos tentando desenvolver um plano junto com a indústria. Mas a reciclagem destes produtos é cara e as empresas ainda não entraram em acordo sobre como concretizá-la: se transferindo parte do custo aos consumidores ou estabelecendo uma taxa por isto.



Ted Smith, do grupo Toxics Coallition do Vale do Silício, acha que as autoridades estão ficando muito tímidas. Ele cita como exemplo a União Européia, que proibiu que os produtos eletrônicos vendidos a partir do próximo ano contenham determinadas toxinas. Muitos produtos eletrônicos têm vida útil muito curta. Em alguns casos, ela é extinta quando o aparelho da geração seguinte chega ao mercado, o que faz com que o volume de lixo eletrônico cresça sem parar.



Uma coalizão de organizações ambientais publicou em 2002 um estudo devastador indicando que o lixo eletrônico procedente dos EUA é reciclado utilizando métodos primitivos em países em desenvolvimento, onde causa graves problemas ambientais e de saúde. Boa parte das empresas enviam suas sobras para países como a Índia e a China, onde são desmontados para obter chumbo, ouro e outros metais valiosos. Neste processo, os componentes tóxicos como o cádmio e o mercúrio vão a parar na água e no ar.



Três anos depois, a situação se deteriorou. Os EUA descartam anualmente 50 milhões de computadores e 130 milhões de celulares. Se o ritmo for mantido, em 2010 o país jogará fora 400 milhões de aparelhos, segundo a Associação Internacional de Reciclagem Eletrônica.



Algumas semanas atrás, o website de leilões eBay fez uma parceria com as principais indústrias de informática e grupos de proteção ambiental para ajudar os consumidores a se desfazerem de seu lixo eletrônico. O programa está concentrado em um site (www.ebay.com/rethink) que oferece aos usuários a opção de vender ou doar os computadores que ainda funcionam. Mas, embora bem intencionado, o plano é apenas um paliativo incapaz de resolver o problema.



fonte: Primeira Hora – www.primeirahora.com.br

Ano da Publicação: 2005
Fonte: www.setorreciclagem.com.br
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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