Lixo eletrônico mundial cabe em trem capaz de dar a volta ao mundo

Um vagão de carga de um trem capaz de dar uma volta completa no mundo. Essa é a quantidade de lixo eletrônico produzida pela humanidade todos os anos, de acordo com estimativas da organização não governamental Greenpeace.

Para ser mais exato, são 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico, composto de computadores, celulares, eletroeletrônicos e eletrodomésticos que, com ciclos de reposição cada vez mais curtos, vão parar no lixo e já representam 5% de todo o lixo gerado pela humanidade.

Entre as substâncias tóxicas encontradas no lixo eletrônico figuram mercúrio, chumbo, cádmio, belírio, arsênio, retardantes de chamas (BRT) e PVC. Estas substâncias podem causar diversos danos à saúde humana, tais como distúrbios no sistema nervoso, problemas nos rins, pulmões, cérebro e envenenamento.

Sem leis que exijam o descarte apropriado na maior parte do globo, estes materiais altamente tóxicos e perigosos para a saúde humana frequentemente vão parar em aterros sanitários comuns ou são queimados a céu aberto, sem os cuidados apropriados, quando não acabam literalmente nas mãos de habitantes de países em desenvolvimento, que recebem carregamentos de lixo eletrônico disfarçados de doações para inclusão digital.

Segundo dados da Basel Action Network (BAN), organização que fiscaliza o fluxo de lixo tóxico no mundo, oito em cada dez computadores velhos dos Estados Unidos acaba em países asiáticos, como Índia e China, onde os custos de reciclagem são menores. A África também se tornou um pólo para a exportação de lixo eletrônico.

Apenas a cidade de Lagos, na Nigéria, recebe 500 toneladas destes materiais todos os dias. Embora os eletrônicos cheguem ao país na forma de doações de empresas especializadas em reciclagem de países desenvolvidos, apenas 25% do material, em média, pode ser de fato reaproveitado.

Como resultado deste processo, as cargas de eletrônicos sem utilidade são manipuladas em lixos a céu aberto e as partes não aproveitáveis queimadas ou descartadas diretamente no solo, em áreas descampadas ou pântanos, gerando riscos de contaminação.

O problema resulta de uma combinação de diversos fatores, sendo os principais deles a falta de leis que responsabilizem os fabricantes pelo descarte correto dos produtos inutilizados, a falta de fiscalização quanto ao destino dos materiais encaminhados à reciclagem e a pouca divulgação ao consumidor sobre a forma correta de descartar os eletrônicos.

A Convenção de Basel, acordo internacional criado em 1989 para regular a exportação de lixo tóxico entre países, conta com 166 países signatários, entre eles os Estados Unidos. Os termos do acordo, no entanto, foram questionados por supostamente legitimarem o envio de materiais tóxicos dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento, ao invés de coibi-lo.

Em 1994 foi aprovado um novo consenso, chamado Basel Ban, que adotava regras mais severas e abrangentes para conter as exportações de lixo tóxico e passaria a valer a partir de janeiro de 1998. Contudo, este consenso foi e ainda é amplamente combatido por países como Estados Unidos e Canadá, que assinaram a convenção, mas não ratificaram o consenso, se isentando das responsabilidades previstas nele.

A União Européia, por outro lado, avançou na questão do lixo eletrônico elaborando a Diretiva para Lixo Elétrico e Equipamentos Eletrônicos (Waste Electrical and Electronic Equipment Directive – WEEE), que se tornou lei em fevereiro de 2003. A lei determina metas de coleta e reciclagem aos fabricantes de eletrônicos.

Para ilustrar o tamanho do problema, os britânicos construíram um homem de lixo eletrônico, feito com toda a sucata digital gerada por um britânico médio em sua vida, estimada em 3,3 toneladas. O resultado é um boneco gigante, composto de eletrodomésticos, computadores, celulares, impressoras, videogames, entre outros cacarecos digitais.

Apesar do alerta, os britânicos acreditam que o homem de lixo pode ficar ainda maior nos próximos anos. Eles estimam que o uma pessoa nascida em 2003 que viva até 2080 vai gerar 8 toneladas de lixo eletrônico ao longo da sua vida dobrando o tamanho do homem de lata.

Autor/fonte: Daniela Moreira, repórter do IDG Now!
E-mail/Url: http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/04/26/idgnoticia.2007…

Ano da Publicação: 2010
Fonte: http://www.htmlstaff.org/ver.php?id=7221
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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