Lixo ou rejeitos reaproveitáveis?

Antonio Carlos Teixeira – Jornalista, editor da revista Cadernos de Seguro, pós-graduando em Ciências Ambientais pela UFRJ







Fomos acostumados a associar esta palavra à sujeira, imundice, restos. Derivada do latim lix (cinza), o lixo tecnicamente é conhecido como “Resíduo Sólido Urbano” (RSU). Se até o começo da Revolução Industrial o lixo era composto basicamente de restos e sobras de alimentos, a partir dessa era passou a ser identificado, também, por todo e qualquer material descartado e rejeitado pela sociedade.



O desenvolvimento para o conforto e o bem-estar humanos produzido a partir da Revolução Industrial levou à intensificação do material descartado, ocasionando um aumento da quantidade de resíduos gerados e não utilizados pelo Homem, muitos deles provocando a contaminação do meio ambiente e trazendo riscos à saúde humana, basicamente nas áreas urbanas.



Pior. O crescimento das áreas urbanas não levou em consideração a necessidade de adequação de locais específicos para depósito e tratamento dos resíduos sólidos. No Brasil de hoje, por exemplo, estima-se que a produção anual de lixo esteja em torno de 44 milhões de toneladas, sendo que a maior parte dos resíduos recolhidos nos centros urbanos é simplesmente jogada sem qualquer cuidado em depósitos existentes nas periferias das cidades. De acordo com o IBGE, 74% dos municípios brasileiros depositam lixo hospitalar a céu aberto e apenas 57% separam os dejetos nos hospitais.



A miséria socioeconômica brasileira faz com que o lixo acabe se transformando numa fonte de sustento para milhares de pessoas, adultos e crianças, homens e mulheres. Segundo a UNICEF, 45 mil crianças e adolescentes brasileiros vivem da garimpagem do lixo. São filhos de famílias muito pobres que ajudam os pais a catar embalagens plásticas, papéis, latinhas de alumínio, a separar vidros e restos de comida. Os meninos e meninas de todas as idades ganham míseros R$ 1 a R$ 6 diários, mas que ajudam a aumentar a renda de suas famílias.



Essa triste constatação torna-se ainda pior pelo fato de que, ainda segundo a UNICEF, em alguns “lixões”, mais de 30% das crianças em idade escolar nunca pisaram nas salas de aula. Em Olinda (PE), sofrem preconceito e discriminação e são conhecidas como “crianças do lixo”. As crianças de Olinda e de Campo Grande (MS) já chegaram a representar 50% da mão-de-obra nos “lixões”. Na capital sul-mato-grossense, dados oficiais apontam que 33,3% dos trabalhadores do “lixão” local têm menos de 12 anos.



Uma das iniciativas louváveis – e que vai de encontro a essa vergonhosa situação – é o Projeto “Amigos do Lixo”, implantado na cidade de Guaratinguetá (SP). Os voluntários que criaram esse projeto se viram preocupados com as precárias condições de vida dos catadores de lixo e com a preservação do meio ambiente.



Antes estigmatizados como “catadores” que perambulavam pelas ruas da cidade e pelo lixão do município em busca de sustento em condições desumanas, essas pessoas são atualmente conhecidas como agentes ambientais. Foi preciso apenas capacitá-los profissionalmente e conscientizá-los a respeito da preservação ambiental. Resultado: os agentes ambientais estão agora organizados, capacitados, identificados e uniformizados, trabalhando sob o sistema de cooperativa.



Das três opções tecnológicas básicas para a disposição adequada de RSU (aterros sanitários, reciclagem/compostagem e incineração), destacamos a importância das unidades de reciclagem e compostagem. São alternativas importantes todas as vezes que se verificarem a existência de mercados para absorção de materiais recicláveis produzidos.



A falta de novas áreas para a implantação de aterros sanitários (ou “lixões”, ou aterros controlados) é um fator que tem contribuído para a implementação de sistemas de compostagem. Estudos apontam que as técnicas utilizadas pela compostagem são capazes de reduzir à metade a massa de lixo processad

Ano da Publicação: 2005
Fonte: www.ambientebrasil.com.br
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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