Lixo: Tesouro desperdiçado

Na natureza não há lixo e sua capacidade de integrar todos os materiais necessários em ciclos é um dos segredos da manutenção da vida em nosso planeta. A folha que cai de uma árvore devolve água à atmosfera, é decomposta e alimenta seres que vivem no solo, fornecendo materiais que serão utilizados como nutrientes por outros seres.



É preciso que os seres humanos tomem consciência da beleza e da complexidade do mundo que os cerca, para que sejam encontrados modos de convivência harmoniosa com os outros seres do Planeta! O desenvolvimento tecnológico leva muitas pessoas a acreditarem que somos poderosos e que tudo podemos dominar, ter sob controle. Quanta ilusão!



Nossa atitude prepotente tem nos levado a uma situação crítica: contaminação das águas, desertificação de solos férteis, morte dos rios devido ao assoreamento e poluição, mudança do clima do planeta devido ao acúmulo de poluentes na atmosfera, destruição da camada de ozônio – que nos protege de radiações perigosas. É importante lembrar que os seres humanos são criaturas frágeis. Precisam de água e, ao contrário dos vegetais, não produzem seu próprio alimento, dependendo de outros seres que lhes servem de sustento.



Não pode ser considerado inteligente um animal que destrói as suas fontes de água e de alimento, não é? Descaso com lixo é um erro grave que precisa ser corrigido. Papéis, plásticos, metais e vidros podem e devem ser reciclados porque são confeccionados a partir de materiais retirados de reservas naturais finitas, com grandes custos em termos de uso de água, energia e geração de poluição. É preciso diminuir o consumo e parar de comprar compulsivamente. Lazer e prazer não devem estar associados a compras. Pense nisso!



Grande parte do lixo (em média de 50% a 60%) é constituída por materiais orgânicos (aqueles que apodrecem). Quando disposto em lixões ou aterros sanitários o lixo orgânico causa terrível poluição. Entretanto, quando aplicado corretamente, serve como maravilhoso agente de fertilização do solo. Por que então os agricultores não coletam os restos de feiras, CEASAs, supermercados e restaurantes para transformá-los em adubo? Por que os pecuaristas não aplicam o adubo obtido a partir do lixo orgânico em suas pastagens, para recuperar as terras degradadas pelo uso intensivo e incorreto de agrotóxicos? Por que um material tão precioso é displicentemente jogado fora?



A resposta é triste e simples: não fomos educados a pensar no lixo como bem precioso! É preciso mudar. Tome uma atitude: separe materiais de sua casa que iriam para o lixo e encaminhe-os para a reciclagem doando-os a catadores de recicláveis, caso sua cidade não tenha a coleta seletiva. Se possível, disponha o lixo orgânico em composteiras no seu quintal, para transformá-lo em adubo que fertilizará o solo.



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Sônia Corina Hess

Engenheira química com pós-doutorado em Química pela Universita Cattolica Del Sacro Cuore Instituto Di Chimica e Chimica Clinica (UCSC) na área de Química dos Produtos Naturais, Itália; pós-doutorado em Química pelo Departamento de Química Orgânica da Universidade de Campinas (Unicamp) na área de síntese orgânica; professora e coordenadora do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).



Este trabalho contou com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente – Ministério do Meio Ambiente.



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