Madeira feita de plástico reciclado é resistente e econômica

Presentes nos mais diversos produtos, os plásticos tornam-se um transtorno depois de serem jogados fora. De degradação demorada – levam cerca de cem anos para se decompor -, eles são os responsáveis por problemas como entupimento de galerias, que causam alagamentos nas cidades. Na Grande São Paulo, que sofre com as constantes enchentes, estima-se que 30% do total de resíduos são formados por plásticos.



Uma das soluções para esse desafio é a madeira plástica, que alia aspectos ecológicos econômicos e sociais. Docente do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia (FE) da UNESP, campus de Guaratinguetá, e do campus do Litoral Paulista, em São Vicente, o engenheiro mecânico Nazem Nascimento trabalha com esse material há aproximadamente 10 anos, Em colaboração com colegas da Universidade de Ciências Aplicadas de Darmstadt, na Alemanha, ele desenvolveu estudos sobre as características mecânicas e aplicações desse produto, nascido a partir da reciclagem de plásticos.



Entre as peculiaridades da madeira plástica, Nascimento aponta a boa resistência a impactos, a facilidade por ser serrada, parafusada e pregada, além da grande impermeabilidade, o que permite seu uso em locais úmidos e submersos – por exemplo, na estrutura de diques em áreas costeiras. “em relação à madeira comum, ela também tem a vantagem de não ser tão suscetível à ação de insetos como cupins”, compara.



Atualmente, Nascimento pesquisa um processo de fabricação de madeira plástica adequado às condições brasileiras. O docente montou um projeto em que diferentes tipos de plástico são postos numa máquina trituradora e são transformados em pequenos grãos para, em seguida, serem moldados em uma matriz, por meio de uma prensa mecânica. “Meu objetivo é encontrar uma forma barata e que não exija tecnologia muito sofisticada de obter o produto”, esclarece.



Outro traço desse processo, segundo o engenheiro mecânico, é dispensar a necessidade de separar e lavar os vários tipos de plástico utilizados. Nascimento afirma que tem condições de projetar uma pequena fábrica capaz de produzir cinco toneladas por mês e cujas instalações absorveriam por volta de 10 pessoas. “A implantação dessa fábrica exige um investimento de aproximadamente R$ 50 mil”, estima. “uma das conseqüências positivas dessa miniempresa é o estímulo à atividade de coleta de plásticos, hoje bem menos significativa que a do vidro, papel e alumínio, por exemplo”.



Nascimento acredita que o projeto é interessante principalmente para administrações municipais preocupadas em dar um destino ao lixo que seja menos prejudicial ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, criar empregos em sua região. “As prefeituras poderiam utilizar o material produzido, por exemplo, na confecção de placas de sinalização, bancos de praças e cercas de jardim”, comenta, “Além disso, com o aumento da coleta de plástico incentiva pela fábrica, o investimento para recolher e depositar o lixo urbano será menor”.



Em torno das pesquisas dirigidas por Nascimento articula-se um grupo com dois alunos de pós-graduação e dois de graduação. Terceiranista de Engenharia Mecânica da FE, Adriana Miralles Schleder, envolvida nos trabalhos desde 2002, enfatiza que outra vantagem ecológica do trabalho da equipe é o incentivo à redução do uso da madeira natural, contribuindo para a diminuição do desmatamento. “Acho muito importante participar do desenvolvimento de uma nova técnica, em que utilizamos os conhecimentos da área de Engenharia em benefício do meio ambiente e da sociedade”, afirma.



Reportagem feita por André Louzas, publicada no Jornal Unesp.

Maio/2003, Ano XVII, nº 177.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social da ONG MUDA>>

Ano da Publicação: 2007
Fonte: http://www.muda.org.br/mplastico.htm
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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