Material reciclado ganha espaço nas linhas de produção da HP

Conhecida como capital da música country nos Estados Unidos, a cidade de Nashville abriga uma operação de pequeno porte da HP: reciclagem de cartuchos de impressoras a laser e à tinta. Enviados de todo o país por consumidores individuais ou por revendedores, eles chegam ao espaço de 7,4 mil metros quadrados em grandes caixas de papelão. Somam cerca de 1 milhão de unidades ao mês. Lá são separados por tipo, desmontados automaticamente e – já reduzidos a seus principais componentes, plástico e metal – encaminhados para se transformar novamente em matéria-prima que alimentará as fábricas da empresa.

Esse trabalho feito por quarenta pessoas, divididas em três turnos, numa linha de produção aparentemente espartana mas quase toda automatizada, pode parecer modesto quando comparado às dimensões do dono da operação: com 131 mil funcionários em todo o mundo, a HP é a maior fabricante americana de equipamentos e soluções de informática, com um faturamento de US$ 118 bilhões no ano fiscal encerrado em outubro. Mas a coleta e o reaproveitamento dos materiais utilizados nos produtos que levam sua marca é uma ponta cada vez mais importante para os negócios da HP.

Vender equipamentos de informática, particularmente impressoras, em uma época em que a digitalização avança rapidamente é uma tarefa delicada. Se, ao mesmo tempo, as preocupações ambientais estiverem em alta, a situação fica mais complicada. E caso o cenário seja completado por uma crise econômica, os desafios ganham dimensões gigantescas. Nesse quadro, a HP vende 1 milhão de impressoras por semana.

Pesquisa e desenvolvimento de produtos ambientalmente corretos – uma ofensiva que nasceu no início dos anos 90 e ganhou ímpeto nesta década – têm sido decisivos tanto como apelo de vendas como quanto diretriz de gestão. “A HP hoje coloca o foco em todo o sistema de impressão”, explica Luis Pablo Alcalá, gerente de desenvolvimento de mercado para a América Latina do grupo de imagem e impressão da empresa.

Para a companhia, hoje, estão em questão tanto o hardware quanto os meios utilizados para transmitir e multiplicar as imagens. “Salve uma árvore, não imprima, deixa de ser um argumento válido se o papel sai de uma floresta sustentável”, diz Ricardo Matiarena, gerente de marketing de produto para América Latina no segmento de toner.

O cenário para o negócio de impressão no futuro foi esboçado pelo lançamento das máquinas fotográficas digitais. Ainda se imprimem fotos, mas de forma e em volumes diferentes do passado. Essa avaliação é o motor de ferramentas já bastante utilizadas, como controles de impressão em ambientes corporativos, e de programas novos, como o Smart Web Printing, que seleciona trechos de diferentes páginas da internet e “cola” todo o material para impressão em uma só página.

Mas a alma do negócio na área de impressoras é o cartucho que pode abrigar quase 80% da tecnologia de um equipamento, informa Alcalá. É esse pequeno dispositivo que regula a quantidade de tinta e a maneira como ela se espalha no papel. Hoje, com o desenvolvimento de tecnologias para reaproveitamento do material, os cartuchos também fazem o papel de garotos-propaganda do lado verde de negócios da HP.

Jean Gingras, gerente de marketing ambiental da área de suprimentos, conta que em 1991 a empresa iniciou um programa de reciclagem com o recolhimento de cartuchos das impressoras a laser. O processo foi estendido aos cartuchos de tinta em 1998. Quatro anos depois, duas unidades de reciclagem foram implantadas, uma nos EUA e outra na Alemanha.

“Recapturar o próprio plástico como material é uma grande conquista”, afirma Dean Miller, que está à frente do programa de soluções de reciclagem na área de tinta. Esse tipo de processo é novo e as soluções muitas vezes não estão disponíveis no mercado. O equipamento atual, por exemplo, foi desenvolvido junto com um instituto alemão, conta.

Em um primeiro momento, o PET reciclado foi usado na fabricação de alguns componentes de scanners da HP. A produção de cartuchos com o material recuperado começou em 2006, na Irlanda, Porto Rico e Estados Unidos. O volume era então de 100 milhões de unidades. Neste ano o total deve atingir 400 milhões.

O processo ainda exige investimentos da HP – recolhimento, armazenamento e remessa dos contêineres, para cobrir as distâncias entre os diferentes centros de reciclagem e reaproveitamento. Os cartuchos usados nas Américas vão para a fábrica nos Estados Unidos. Os da Europa, Oriente Médio e África seguem para o centro da Alemanha. A limpeza da resina é feita em uma terceira fábrica que também fica em território americano. A mistura final, com resina de garrafas plásticas recicladas e aditivos é realizada no Canadá, diz Miller. De lá, segue para as fábricas. Em todo o mundo o índice de recuperação de cartuchos gira hoje em torno de 20% a 25%. No futuro, diz Miller, a HP quer regionalizar o processo.

Fonte: Valor Econômico

Ano da Publicação: 2012
Fonte: reciclaveis.com.br
Link/URL: http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00907/0090710hp.htm
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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