Este artigo apresenta um modelo financeiro para a avaliação da viabilidade empresarial de projetos de incineração de resíduos sólidos municipais no Brasil, no âmbito do mecanismo de desenvolvimento limpo do Protocolo de Kioto, tomando como referência o Projeto Usinaverde, desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O reaproveitamento energético pode contribuir para a gestão dos resíduos e para a redução das emissões de gases de efeito estufa. A análise financeira está baseada no modelo de fluxo de caixa descontado e chega à conclusão de que, mesmo considerando-se as receitas provenientes do tratamento do lixo, da venda de energia elétrica e dos créditos de carbono, o projeto é questionável do ponto-de-vista de um investidor privado, pois para que fosse viável seriam necessários preços diferenciados, tanto para o tratamento do lixo quanto para a eletricidade fornecida. Em um futuro próximo, os crescentes custos associados ao tratamento de lixo e à produção de energia poderão elevar os atuais preços de mercado ao nível considerado adequado para a viabilização empresarial de projetos dessa natureza. Além disso, o projeto pode ser economicamente viável na ótica da sociedade como um todo, aspecto a ser examinado em um prosseguimento desta pesquisa.