Quando se pensa na agressão ao ambiente provocada pelos carros, a poluição do ar é o primeiro problema que vem à cabeça. Mas a sucata e os restos de materiais, como plástico, ferro fundido e borracha, são igualmente nocivos.
Segundo organizações ambientais, um veículo “aposentado” equivale a uma tonelada de sucata, e depositar o material em lugar inapropriado é uma ameaça.
No Brasil, a preocupação com a reciclagem de veículos é incipiente. Pipocam resoluções que obrigam as indústrias a dar uma destinação final a quatro de cada cinco pneus fabricados e a refinar de novo 30% do óleo vendido.
Agora, as montadoras, seguindo orientação das matrizes, começam a produzir veículos ecologicamente corretos. A Mercedes-Benz e a Volkswagen investem em materiais naturais, a Ford usa garrafas PET, e as outras focam na reciclagem “tradicional”.
No Pará, as alemãs encontraram substitutos de produtos industrializados. A VW usa a fibra do carauá -que, em tupi, significa talo com espinho- no forro do teto do Fox. O material amazônico, mais resistente, substitui com vantagem a fibra de vidro.
Depois de seca, a fibra viaja em fardos até São José dos Pinhais (PR), onde funcionários da linha de montagem do Fox a picam e a misturam com polipropileno.
O recheio do encosto de cabeça do Classe A é fibra de coco. E há um trabalho social por trás do projeto: a empresa fomentou uma cooperativa com famílias da ilha de Marajó para extrair a fibra.
Reúso
Enquanto a exploração sustentável não decola, grande parte das fábricas aposta mesmo na reciclagem. A Ford utiliza garrafas PET na fabricação de carpete e diz que 85% das peças de seus modelos podem ser reaproveitadas.
Até 2010, a Renault pretende equipar seus carros com 95% de peças recicláveis. A marca diz também que vem diminuindo o uso de metais pesados, como o mercúrio e o chumbo.
A Honda informa que aumentou a aplicação de plástico reciclado em seus veículos. A Chevrolet segue a concorrência: “Grande parte do plástico do acabamento interno é novamente utilizada”, afirma Gerson Pagnotta, diretor de engenharia de carrocerias.
A Fiat é a menos ativa. Não reutiliza materiais em seus modelos, apenas identifica peças plásticas com mais de 50 g. “Essa medida facilita o reaproveitamento”, explica Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da fábrica.
Em conjunto com a GM e a siderúrgica Gerdau, a Fiat estuda abrir uma usina de reciclagem. Para o projeto sair do papel, Pagnotta diz que é necessária a implementação da inspeção veicular. O objetivo é aproveitar a sucata dos “velhinhos” que, com um exame mais severo, deixariam as ruas.
Realidade
O plano de governo do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva propunha a criação de centros de reciclagem. Eles se encarregariam de aproveitar as peças dos carros que saíssem de circulação. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, nada foi construído.
Enquanto isso, países como a Suécia já têm formas de amenizar o problema. Lá o comprador de um zero-quilômetro paga uma taxa de reaproveitamento, e o valor é devolvido ao último proprietário quando o veículo é reciclado.
Na Alemanha, uma parceria entre a VW e a Bayer resultou numa fábrica para desmonte e recuperação de peças.
Pneu e plástico têm “versão limpa”
Visto como um dos vilões do ambiente, o plástico está mudando sua imagem. Seu lado ecológico aparece desde sua obtenção, pois o custo energético é menor que o de fazer metal. Além disso, o termoplástico, comum no acabamento interno dos carros, pode ser triturado e fundido inúmeras vezes.
Ricardo Duarte Souza, gerente comercial de compostos da Polibrasil, aponta outra vantagem: “Como é menos denso, o plástico permite produzir peças mais leves. Assim, o carro pesa menos, e o consumo diminui”.
Mas o policarbonato, o novo “vidro”<
Ano da Publicação: | 2005 |
Fonte: | www.reciclaveis.com.br |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | bulletin@residua.com |