De Norte ao Sul do País, os lixões a céu aberto continuam proliferando e invadindo espaços significativos da paisagem brasileira. E o problema não escolhe uma vítima em especial, está presente em cidades de pequeno, médio e grande porte. Os moradores que vivem próximos dessas áreas protestam, fazem abaixo-assinados, deixam de pagar o IPTU. Dia após dia, eles sofrem com infestações de moscas, pernilongos, ratos, aranhas, cobras, todos atraídos pelos alimentos em decomposição e todo o tipo de entulho jogado ali. Muitas vezes o lixo hospitalar também é depositado, sem qualquer precaução, nesse terrenos. O mau cheiro é insuportável e é subumana a condição de vida das pessoas que sobrevivem como catadores dentro desses lixões.
Mesmo sendo um País carente de estatísticas, hoje sabe-se que a reciclagem (veja números no quadro abaixo) tem contribuído para a solução de muitos desses problemas, gerando renda, emprego e melhores condições sanitárias nesses locais. As iniciativas de cidades como Araçatuba/SP, Catanduva/SP, Penha/SC, Ponta Grossa/SP e Rio de Janeiro/RJ dão prova disso.
O que o Brasil recicla?
Aproximadamente 1,5% do lixo sólido orgânico urbano;
Dos 900 mil metros cúbicos (m³) de óleo lubrificante consumido anualmente, 18% é rerrefinado;
15% da resina PET;
10% das 300 mil toneladas de sucata disponíveis para a obtenção de borracha regenerada;
15% dos plásticos rígidos e firmes, o que equivale a 200 mil toneladas por ano;
35% das embalagens de vidro, somando 280 mil toneladas por ano;*
35% das latas de aço, o que equivale a cerca de 250 mil toneladas/ano;
64% da produção nacional de latas de alumínio;
71% de volume total de papel ondulado;
36% do papel e papelão, totalizando 1,6 milhão de toneladas de produto reciclado.
Atraindo seguidores – Considerada uma experiência modelo na região de Araçatuba (SP), a Associação dos Catadores de Papel, Pepelão e Materiais Recicláveis – Acrepom, vem atraindo a atenção de diversos municípios vizinhos. Guararapes, por exemplo, após conhecer o trabalho desenvolvido pela Acrepom, que reúne 25 trabalhadores, fornecendo moradia e alimentação a todos, implantou recentemente um projeto semelhante.
Situada também no interior de São Paulo, Catanduva, em parceria com a organização religiosa Cáritas, acaba de lançar o projeto de reciclagem “Luxo do Lixo”, iniciativa inédita na cidade.
Cerca de R$ 60 mil foram investido na compra de oito máquinas, entre prensas e lâminas para cortar papel, equipamento para reciclagem de papel e alumínio e 25 carrinhos para coletar materiais nas ruas. O galpão onde funciona o projeto, com cerca de 1 mil metros quadrados, foi cedido pela prefeitura que ainda fornece às 17 famílias que participam do “Luxo do Lixo”, alimentação, remédios e assistência médica, além de equipamentos de segurança como luvas, botas, chapéus e uniformes. Toda a rena obtida com a venda dos recicláveis é revertida integralmente para os cadastrados, gente que antes do projeto não tinha perspectiva de uma renda mínima ou um emprego. A meta da administração é ampliar em breve, o projeto.
A Cooperativa dos Catadores do Jardim Gramacho (RJ) que conta com 160 associados, ex-catadores de lixão, opera atualmente duas unidades de reciclagem e já têm planos para comprar equipamentos que reciclem plástico. Toda a atividade é subsidiada pela Comlurb, que mantém um refeitório e está providenciando equipamentos individuais de segurança para os cooperados>htt>
Ano da Publicação: | 2004 |
Fonte: | CEMPRE 1999 |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
Email do Autor: | rodrigo@web-resol.org |