NÃO É LIXO

Grande parte do material jogado fora no dia-a-dia tem mercado para reciclagem, principalmente as embalagens de alimentos. Veja quais são os mais importantes e como são aproveitados no Brasil

Pouco adianta a implantação de programas de coleta seletiva de lixo se não há mercado para a reciclagem dos materiais. Apesar das iniciativas conhecidas hoje no Brasil serem pontuais, novas experiências aparecem a cada dia e, com isso, o mercado também vai se expandindo aos poucos. Um bom exemplo desse fenômeno são as embalagens cartonadas (caixinhas tipo “longa vida”), que até pouco tempo estavam estocadas no centro de triagem da Comcap porque não havia empresas interessadas na compra do material – apesar de existir tecnologia para reciclagem. Há cerca de três semanas, o estoque foi adquirido pela empresa Novak, com sede no Sul do Paraná, que recicla o material.



“Mesmo que haja grande variedade de materiais, sempre se arruma uma utilidade para eles”, considera o professor Sebastião Rogério Soares, do Laboratório de Pesquisa em Resíduos Sólidos (Lareso) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo ele, são necessários mais investimentos na área de pesquisa para que se obtenha melhor tecnologia para o aproveitamento do material – o Lareso, por exemplo, está estudando técnicas de separação dos plásticos, um dos maiores empecilhos enfrentados atualmente para a reciclagem.



Os potenciais de aproveitamento de dez materiais utilizados cotidianamente pelos brasileiros foram pesquisados e sintetizados em estudo do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), associação sem fins lucrativos que realiza trabalhos para promover a reciclagem no Brasil. O estudo está disponível pela internet na homepage http://www.cempre.org.br. A seguir apresentamos uma síntese desse material e a atual situação no mercado da região.





Plástico filme (sacos plásticos)



A maior limitação para a reciclagem de plásticos é a diversidade das resinas com que são produzidos, o que pode criar problemas na hora do reaproveitamento industrial. Como a identificação de algumas delas é difícil a olho nu, a maioria dos métodos de seleção utiliza a observação do material durante a queima. O setor que reúne os fabricantes tem adotado uma padronização com símbolos para facilitar a identificação.



A diversidade de cores é outro problema – metade dos plásticos-filme existentes no mercado é pigmentada, enquanto a outra metade é branca. Como contém tintas, o plástico deve ser separado por cor, ou pelo menos os impressos devem ser isolados dos lisos.



15% do total de plástico é reciclado em média no Brasil, o equivalente a 200 mil toneladas por ano. Não há dados específicos sobre o plástico filme. Sabe-se apenas que o material representa 29% do total de plásticos separados pelas cidades que fazem coleta seletiva.

50% de energia pode ser economizada com o uso de plástico reciclado.

3,2% das sacolas e sacos plásticos são recicladas nos Estados Unidos (28,8 mil toneladas por ano) e 2% das embalagens de produtos (30 mil toneladas).

6,74% do peso do lixo coletado em Florianópolis pela coleta convencional corresponde a plástico filme. Na seletiva, 14% do recolhimento é plástico em geral.



Papel de escritório



O incentivo para a reciclagem de papel é pequeno no Brasil porque o País é grande produtor de celulose virgem. Apesar da grande disponibilidade de aparas (nome genérico dados aos resíduos industriais ou domésticos), as indústrias costumam importar aparas para abastecer o mercado. Nos Estados Unidos, que exportam mais da metade do material arrecadado nas campanhas de reciclagem, é crescente o número de indústrias que reutilizam papel de escritório como matéria-prima, o que diminui o custo da produção. O maior mercado é o de embalagens.



A atividade de reciclar papel é antiga, mas ganhou força com a conscientização para a necessidade de se reduzir a quantidade de lixo despejado e

Ano da Publicação: 2004
Fonte: A Notícia
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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