Nova tecnologia para tratar resíduos sólidos

Algumas empresas já utilizam a tocha de plasma térmico na reciclagem de embalagens. A produção de lixo vem aumentando assustadoramente no País e no mundo. Atualmente, o Brasil é deficiente quando o assunto é destinação final dos resíduos sólidos resultantes de processos industriais. Segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2000), realizada pelo IBGE, são produzidas diariamente mais de 228 mil toneladas de resíduos sólidos. Esse material coletado tem os mais variados destinos, como lixões (21%), aterros controlados (37%) e aterros sanitários (36,2%). Um quadro extremamente preocupante, já que aproximadamente 58% da quantidade diária de resíduos dispostos recebem destino inadequado.



A reciclagem do lixo ainda está longe de atingir um nível aceitável. É difícil acreditar, mas o chiclete que nós jogamos inocentemente na rua pode demorar cinco anos para se decompor. Um toco de cigarro, 20 meses; lata de aço, 10 anos; lata e copos de plástico, 50 anos; fralda descartável comum, 450 anos; garrafa plástica, 400 anos; e tampinhas de garrafa, 150 anos.



Aos poucos, as indústrias, a população e os governantes estão se conscientizando da necessidade de dar uma destinação adequada ao lixo produzido e dos benefícios que essa atitude pode trazer para o meio ambiente, a saúde pública e as gerações futuras. O problema é que quando a intenção das empresas é dar um encaminhamento correto para os resíduos, muitas esbarram na falta de uma tecnologia que possibilite o processo.



Universidades e institutos de pesquisa nacionais investem cada vez mais em estudos para solucionar esses problemas. Uma dessas pesquisas, inédita no País, é a da tocha de plasma térmico, tecnologia já conhecida em outros países e que no Brasil já está sendo utilizada por empresas e indústrias como uma nova alternativa de reciclagem. A tocha, capaz de fundir qualquer elemento da natureza de forma não poluidora, foi desenvolvida com investimentos do Laboratório de Plasma Industrial da Unicamp, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A pesquisa ainda contou com a participação de uma empresa catarinense.



Com uma temperatura que pode chegar a 50.000°C, a tocha de plasma traz vantagens impossíveis de se conseguir com tecnologias convencionais. Como exemplo é possível citar a fusão, corte, solda ou aquecimento de metais e materiais cerâmicos, reciclagem industrial de rejeitos que contenham metais de alto valor agregado misturados com cerâmicas e fusão de cinzas de incineradores industriais, o que não polui o meio ambiente.



Algumas empresas já estão começando a utilizar essa tecnologia para a reciclagem de embalagens longa vida. O modelo utilizado até então separava o papel, mas mantinha o plástico e o alumínio unidos. A tocha de plasma permite o retorno dos três componentes da embalagem para a cadeia produtiva como matéria-prima. Essa alternativa pode e deve ser considerada pelas indústrias, e até mesmo pelo governo, como um modelo para ajudar a resolver os problemas de resíduos sólidos gerados no País.





Fonte: Gazeta Mercantil – SP

Ano da Publicação: 2005
Fonte: www.reciclaveis.com.br
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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