O lado B da tecnologia (2)

AUTORA: Camila Artoni

Nas duas últimas décadas estivemos assistindo a uma revolução digital. O símbolo dessa era é o avanço do microchip, que se torna cada vez menor, mais rápido e mais barato. Vimos os equipamentos evoluírem exponencialmente e o setor de eletrônicos pessoais explodir. E, enquanto a mídia tem dedicado cobertura extensiva a essa onda de inovação tecnológica, pouca atenção tem sido dada àquilo que ela deixa como rastro.

Os resíduos eletrônicos, apelidados de e-lixo, englobam uma vasta gama de dispositivos. Vão dos eletrodomésticos de grande porte, como as geladeiras, máquinas de lavar e aparelhos de ar-condicionado, às peças pequenas e portáteis como celulares, lâmpadas fluorescentes e tocadores de CD ou MP3. Antes feitos para durar, os eletrônicos de consumo hoje são projetados para serem substituídos quando quebrados – e então jogados fora. Na maioria dos lares do planeta existem torradeiras que não funcionam, pilhas gastas e videogames obsoletos que estão a um passo de virar descarte.

Ainda que fosse pelo simples volume dos objetos, o crescimento desse despejo já seria um problema. Em comparação ao lixo urbano comum, o e-lixo pesa de três a quatro vezes mais, aponta a bióloga Patricia Blauth, consultora em minimização de resíduos. Mas a sucata eletrônica é um tipo de lixo especial, no pior sentido. Por colocar em risco a saúde e o ambiente, precisa de tratamento diferenciado e fiscalização eficiente. Coisas que custam muito – e podem ser muitas vezes burladas.

Esse lixo também é peculiar por outro motivo: seu ciclo de vida é curto, muito menor que a duração real da sua produtividade. Some-se a isso a falta de incentivo à reciclagem, os altos preços do desmantelamento e do tratamento dos elementos químicos envolvidos e, sobretudo, a falta de políticas públicas, e tem-se um quadro assustador: de 20 a 50 milhões de toneladas de novos resíduos eletrônicos jogados fora, anualmente, em todo o mundo, segundo informam as Nações Unidas. Nos próximos cinco anos, esse número vai triplicar.

Os números da sucata eletrônica
• O tempo médio de vida útil de um computador nas nações desenvolvidas caiu de seis anos para apenas dois anos entre 1997 e 2005
• Telefones celulares têm ciclo de vida de 18 meses nos mesmos países
• A indústria vendeu 183 milhões de novos computadores em 2004 – 11,6% a mais do que em 2003
• 674 milhões de celulares foram vendidos em todo o mundo no mesmo período, superando em 30% os índices do ano anterior
• Em 2010, Estados Unidos, Europa e Pacífico Asiático já terão acrescentado à soma mais 150 milhões de PCs, enquanto os mercados emergentes terão contribuído com outros 566 milhões. Até lá, haverá 178 milhões de novos usuários de informática na China e 80 milhões na Índia. No México, 46% dos habitantes terão um computador

Ano da Publicação: 2010
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,,ECT1023727-1939,00.html
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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