Já se começa a tornar um lugar comum afirmar que a reciclagem é um grande negócio. Não por ser rentável ou por o lixo ser um recurso inesgotável e em crescimento. Diz-se isso porque existe a convicção de que é um negócio bastante susceptível a variadas formas de aldrabice, tanto que os capitalistas já lhe farejaram significativos acréscimos nos dividendos. Eis uma história em que o lixo tresanda à distância.
Na Grã-Bretanha veio a lume pela pena do The Guardian, a aventura do primeiro de 50 contentores de lixo indiferenciado, rotulado como papel para não ter que pagar licença, enviado pela Grosvenor Waste, uma das maiores e mais avançadas empresas de reciclagem da Grã-Bretanha, para ser reciclado na China. Estas toneladas de embalagens de plástico, baterias, latas de bebidas, roupas velhas, malas e madeira foram interceptadas no porto de Roterdão na Holanda e reenviadas de volta à origem. Os inspectores holandeses pensam que 75% do tráfego marítimo é ilegal. Entretanto outros casos idênticos foram já documentados. Digam lá se não é uma mina de ouro…
O negócio global do lixo cresce rapidamente devido à procura de materiais industriais baratos por países pobres. Nos países ricos, pelo contrário, os aterros custam caro e a exigência pela reciclagem aumenta. Por incrível que pareça, o custo de mandar contentores para a china é menor que os mandar de Londres para Birmingham. Na óptica economicista, junta-se o útil ao agradável. Conclusão, quase 40% do papel na Grã-Bretanha é reciclado fora, principalmente na China e na Indonésia.
LF
Publicado por terraviva às abril 5, 2005 11:33 AM
Ano da Publicação: | 2012 |
Fonte: | http://terraviva.weblog.com.pt/arquivo/2005/04/negocio_global.html |
Link/URL: | http://terraviva.weblog.com.pt/arquivo/2005/04/negocio_global.html |
Autor: | Rodrigo Imbelloni |
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