Onde estão os recicláveis?

Grande gerador de resíduos, Brasil sofre por falta de matéria-prima reciclável

O Brasil gera milhares de toneladas de lixo por dia. Estima-se que mais de 35% do que é coletado poderia ser destinado às usinas de reciclagem. Outros 35% poderiam ser transformados em adubo orgânico. Poderiam, mas a verdade é que grande parte deste total é depositado em lixões, ocasionando a poluição de lençóis freáticos e contribuindo para que milhares de famílias trabalhem em condições precárias, sobrevivendo do que é arrecadado no lixo.

Esses fatos provocam reflexões em torno do desperdício e do fim dos recursos naturais. Não bastasse a realidade de pobreza de grande parte da população do país, o imenso volume de alimento desperdiçado contamina os resíduos sólidos, atrapalhando a reciclagem.

É um cenário de contra-sensos. Indústrias recicladoras trabalham com níveis de ociosidade por falta de matéria-prima, enquanto lixões e aterros esgotam sua capacidade.

Quais são as alternativas para fazer com que os resíduos tomem o caminho certo para às mãos dos recicladores? A coleta seletiva é apontada como o gargalo do processo de reciclagem. Sua organização impulsionaria o índices de reaproveitamento dos materiais.

O processo de reciclagem começa no hábito de descarte da população. Os resíduos sólidos precisam ser separados dos orgânicos e dos sanitários (lixo do banheiro) para encontrarem condições satisfatórias de triagem. Posteriormente, devem ser encaminhados às empresas que beneficiam a sucata para, finalmente, retornarem à indústria, responsável pela transformação do resíduo em um novo produto a ser consumido.

A mecânica parece simples. Mas o fato é que muitas recicladoras trabalham com ociosidade por não encontrarem material em condições adequadas para a reutilização. Parte do que chega à indústria de reciclagem é proveniente de lixões. O material já foi misturado com resíduos orgânicos. Apesar de várias iniciativas fervilhando, a coleta seletiva ainda pequena no país. O que retorna não é suficiente e é de baixa qualidade.

Mesmo o consumidor consciente, por falta de locais e de informação, acaba não sabendo o que fazer. As prefeituras se mostram com desejo de realizar a coleta, mas a verdade é que poucas fazem um serviço eficaz.

CONSCIÊNCIA

A população precisa de atenção especial para que o setor da reciclagem no país consiga alçar voo. Criar hábitos de descarte, com a separação adequada dos materiais, pode impulsionar os índices de reaproveitamento de materiais.

Quando misturamos orgânicos e sólidos, estamos diminuindo o valor que cada um teria se descartado separadamente, encarecendo o processo de reciclagem, já que grande parte dos custos de produção diz respeito à limpeza dos materiais. Se o sistema de coleta estiver organizado em todo o país, o preço do reciclado vai cair.

Se os hábitos não mudarem, o setor da reciclagem não conseguirá mostrar vantagens econômicas e, consequentemente, não evoluirá. Sua colaboração é crucial!

Ano da Publicação: 2014
Fonte: Setor Reciclagem
Link/URL: http://www.setorreciclagem.com.br/coleta-seletiva/onde-estao-os-reciclaveis
Autor: Rodrigo Imbelloni
Email do Autor: rodrigo@web-resol.org

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